Estes são os vencedores do Wildlife Photographer of the Year 2019

Vindo da província chinesa de Qinghai, Yongqing Bao venceu o grande prémio Wildlife Photographer of the Year 2019, com a fotografia The Moment, entre uma raposa-dos-himalaias e uma marmota.

As imagens vencedoras serão anunciadas oficialmente esta noite uma cerimónia no Museu de História Natural de Londres. Foram as seleccionadas de entre mais de 48.000 vindas de mais de cem países.

Depois, ficarão expostas naquele museu a partir de 18 de Outubro deste ano até 31 de Maio de 2020.

Grande vencedor e vencedor conjunto na categoria Comportamento Mamíferos: The Moment, por Yongqing Bao, China

O momento captado por Yongqing Bao revela o confronto entre uma raposa-dos-himalais e uma marmota, que parece suspensa em considerações de vida-ou-morte. Uma imagem que capta o drama e a intensidade da natureza, com um misto de humor e terror.

Roz Kidman Cox, coordenador do júri, diz que “fotograficamente, este é simplesmente o momento perfeito”. “A intensidade expressiva das posturas mantém-nos agarrados e a ligação energética entre as patas erguidas de ambos parece manter os protagonistas em equilíbrio.”

O responsável sublinhou que imagens captadas na região do Planalto do Tibete-Qinghai são raras. Além disso, “ter captado uma interacção tão poderosa entre uma raposa-dos-himalaias e uma marmota – duas espécies chave para a ecologia desta região – é extraordinário”.

Vencedor na categoria Retratos de Animais: Face of Deception, por Ripan Biswas, Índia

Pode parecer uma formiga, mas não é. Ripan Biswas estava a fotografar uma colónia de formigas na reserva Buxa Tiger, numa floresta subtropical da Índia, quando reparou numa formiga estranha. Quando observou melhor, descobriu que era uma pequena aranha que mimetiza formigas, com apenas cinco milímetros de comprimento. Muitas espécies de aranhas imitam a aparência e o comportamento de formigas. E até o cheiro. Isto para conseguir entrar na colónia, alimentar-se de formigas e evitar ser comida por elas ou por predadores. Esta aranha em particular parecia estar a caçar formigas naquela colónia.

Vencedor conjunto na categoria Comportamento Mamíferos: The Equal Match, por Ingo Arndt, Alemanha

Um puma fêmea ataca um guanaco na região de Torres del Paine, na Patagónia chilena. Para o fotógrafo, esta imagem marcou o culminar de sete meses a perseguir pumas selvagens apeado, enfrentando o frio extremo e os ventos cortantes da região.

Vencedor na categoria Comportamento Invertebrados: The Architectural Army, por Daniel Kronauer, Estados Unidos

De madrugada, Kronauer localizou uma colónia de formigas à medida que elas se movimentavam, viajando na floresta tropical perto da estação biológica La Selva, na Costa Rica. As formigas usam os seus corpos para construir um novo ninho para a rainha e para as larvas. Fazem-no formando cadeias verticais ao prenderem-se umas nas outras e criando uma rede de câmaras e túneis.

Vencedor na categoria Comportamento Anfíbios e Répteis: Pondworld, por Manuel Plaickner, Itália

Todas as Primaveras, durante mais de uma década, Plaickner seguiu a migração em massa destes sapos no Sul do Tirol, em Itália. As temperaturas amenas da Primavera levam os sapos a emergir dos seus locais de abrigo onde passaram o Inverno, muitas vezes debaixo de rochas ou madeira, ou mesmo enterrados no fundo dos lagos. Os animais precisam de se reproduzir e por isso dirigem-se para corpos de água.

Vencedor na categoria Comportamento Aves: Land of the Eagle, por Audun Rikardsen, Noruega

No cimo de uma montanha perto da sua casa no Norte da Noruega, Rikardsen posicionou cuidadosamente um tronco velho de uma árvore na esperança de este se tornar um poiso estratégico para uma águia-real. A este tronco prendeu uma câmara, flashes e um sensor de movimento e construiu um abrigo para si mesmo a alguma distância. Muito gradualmente, durante cerca de três anos, uma águia-real acostumou-se à câmara e começou a usar o tronco regularmente para patrulhar a costa lá em baixo.

Vencedor na categoria Animais no seu Ambiente: Snow-Plateau Nomads, por Shangzhen Fan, China

Uma manada de antílopes-tibetanos deixam rastos numa encosta coberta de neve na Reserva Natural de Altun Shan, na China. Estes antílopes têm uma pelagem especial – muito leve e quente – para conseguirem sobreviver a altitudes de cerca de 5.500 metros. Aliás, a sua pesagem é a principal razão para o drástico declínio da espécie. Outrora um milhão de antílopes-tibetanos habitavam este planalto, mas a caça comercial deixou apenas cerca de 70.000 indivíduos. A espécie passou a ser protegida, e com isso conseguiu-se um ligeiro aumento. Mas a procura comercial pela pelagem destes animais está longe de estar esgotada.

Vencedor na categoria Portfolio: The Huddle, por Stefan Christmann, Alemanha

Mais de 5.000 pinguins-imperadores machos concentram-se e juntam-se uns aos outros para enfrentar o vento e o frio do Inverno na Baía Atka, na Antárctida. Cada macho em idade reprodutiva transporta uma carga preciosa nos seus pés, um único ovo, aconchegado entre as pregas da sua pele. As fêmeas confiam os ovos aos seus parceiros para os incubarem e depois saem para o mar, onde ficam a alimentar-se durante um período de tempo que pode ir até aos três meses.

Vencedor na categoria Portfolio de novas estrelas: Frozen Moment, por Jérémie Villet, França

Empurrando-se um contra o outro, dois machos de carneiros-de-dall com pelagem de Inverno quedam-se imóveis no final de uma luta intensa, numa encosta cheia de neve em Yukon, no Canadá.

Vencedor na categoria Fotojornalismo com imagem única: Another Barred Migrant, por Alejandro Prieto, México

A imagem de um jaguar está projectada numa secção do muro que divide os Estados Unidos e o México. Para Alejandro, é um símbolo da existência passada e futura da espécie nos Estados Unidos. Hoje, o bastião do jaguar é na Amazónia, mas historicamente a área de distribuição deste grande felino incluiu o sudoeste dos Estados Unidos. Ao longo do último século, o impacto humano resultou na extinção virtual da espécie nos Estados Unidos. Sabe-se que dois machos vivem nas zonas de fronteira do Novo México e Arizona.

Vencedor na categoria Vida Selvagem Urbana: The Rat Pack, por Charlie Hamilton, Reino Unido

Na Rua Pearl, em Manhattan (Nova Iorque, Estados Unidos), ratazanas n Pearl Street, in New York’s Lower , brown rats correm entre a sua casa debaixo de uma grelha no chão e uma pilha de sacos de lixo cheios.

Vencedor na categoria Subaquática: The Garden of Eels, por David Doubilet, Estados Unidos

Esta colónia de enguias-de-jardim é uma das maiores que Doublet alguma vez viu, com pelo menos dois terços de um campo de futebol, ao largo das Filipinas. As extremamente tímidas enguias-de-jardim desaparecem no momento em que detectam a nossa presença. Esta imagem exigiu instalar uma câmara remota para captar as enguias a alimentar-se do plâncton que flutua nas correntes.

Vencedor na categoria Preto e Branco: Snow Exposure, por Max Waugh, Estados Unidos

No Inverno no Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, um bisonte solitário enfrenta uma tempestade de neve. Uma vez que a forte queda de neve tornava difícil ver os detalhes desta imagem, o fotógrafo abrandou a velocidade do obturador para conseguir “pintar” linhas de neve em cima da silhueta do bisonte e criar uma imagem mais abstrata. Assim, o dinamismo da neve a cair contrasta com a imobilidade do animal.

Vencedor na categoria Jovem Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano e vencedor na categoria dos 11 aos 14 anos: Night Glow, por Cruz Erdmann

Erdmann estava a fazer um mergulho no Estreito de Lembeh, ao largo da Indonésia, quando encontrou um par de lulas-ovais. Estavam a fazer a corte, um ritual que envolve a luminescência de linhas, manchas e riscas que mudam rapidamente, com várias cores e tons. Uma das lulas fugiu rapidamente mas a outra – provavelmente o macho – permaneceu o tempo suficiente para Cruz captar um instante do seu espectáculo brilhante subaquático.

Vencedor na categoria dos 15 aos 17 anos: Early Riser, por Riccardo Marchegiani, Itália

Marchegiani nem queria acreditar na sua sorte quando, com a primeira luz da manhã, esta fêmea de babuíno-gelada com a sua cria de uma semana de vida escalou uma escarpa perto de onde ele se encontrava. Ele estava com o seu pai e um amigo no Parque Nacional das Montanhas Simien, na Etiópia, para observar estes primatas.

Vencedor na categoria Plantas e fungos: Tapestry of life, por Zorica Kovacevic, Sérvia/Estados Unidos

Os ramos de um cipreste de Monterey, na Reserva Natural Point Lobos, na Califórnia, Estados Unidos, chamaram a atenção de Zorica. Esta pequena zona costeira protegida é o único local do planeta onde as condições naturais se combinam para criar este cenário mágico. Apesar de ser plantado um pouco por todo o mundo, o cipreste de Monterey é nativo apenas em dois locais da costa da Califórnia. A cor laranja dos ramos desta árvore explica-se pelas algas com pigmentos carotenóides, que dependem das árvores para suporte físico.

Vencedor na categoria Menos de 10 anos de idade: Humming Surprise, por Thomas Easterbrook, Reino Unido

Numas férias com a sua família em França, Thomas estava a jantar no jardim numa noite quente de Verão quando ouviu um zumbido. O som vinha das asas de uma borboleta nocturna esfinge-colibri, a alimentar-se numa flor. Com a borboleta a mover-se rapidamente de flor em flor, foi um desafio enquadrar a fotografia. Mas Thomas conseguiu, captando a imobilidade da cabeça da borboleta contra as suas asas desfocadas.


Saiba mais.

Recorde aqui os vencedores da edição de 2018.

Os prémios Wildlife Photographer of the Year começaram em 1965, numa iniciativa da revista BBC Wildlife Magazine, que na altura se chamava Animals. Havia, então, apenas três categorias. Nesse ano 500 fotografias foram a concurso. Desde então, o evento cresceu e, em 1984, o Museu de História Natural de Londres passou a estar envolvido no projecto.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.