Estudo diz que agricultura de conservação pode evitar 90% da erosão causada pelas chuvas

A agricultura de conservação pode proteger o solo e evitar 90% da erosão causada pelas chuvas torrenciais que, com as alterações climáticas, poderão ser mais frequentes, revela um estudo espanhol apresentado hoje em Madrid.

 

Os países do Mediterrâneo vão assistir a um aumento da erosão e perda de qualidade do solo, alerta a Associação Espanhola de Agricultura de Conservação Solos Vivos (AEAC.SV), no seu estudo “Benefícios da Agricultura de Conservação num cenário de alterações climáticas”. Os solos ficarão assim expostos a episódios de chuvas torrenciais com mais frequência.

O estudo – apresentado hoje no Museu Thyssen Bornemisza, em Madrid, e citado pela agência de notícias EuropaPress – diz que 16% da superfície da Europa sofre de erosão hídrica. Desta, cerca de 20% sofre perdas de solo que ultrapassam as 10 toneladas por hectare/ano.

Uma forma de responder a esta ameaça é através de uma forma de fazer agricultura que consiste em evitar a perturbação do solo e em preservar uma cobertura vegetal sobre a superfície do solo. Esta técnica agrícola baseia-se na sementeira directa (sem mobilização prévia do solo), na manutenção de uma cobertura protectora do solo de forma permanente e a rotação e diversificação das culturas.

De acordo com aquela associação, generalizar estas técnicas pode compensar até 112% as emissões de dióxido de carbono (CO2, um dos gases com efeito de estufa, GEE) da agricultura em Espanha. Actualmente, 9% de todos os GEE emitidos na União Europeia têm origem na agricultura.

Jesús Gil, presidente da AEAC.SV, disse, citado pela EuropaPress, que os sistemas que se baseiam na redução da perturbação do solo já permitiram um maior sequestro do carbono no solo. Além disso, Jesús Gil defende esta técnica porque ela melhora a estrutura, a fertilidade e capacidade de armazenamento de água do solo.

Actualmente em Espanha, a quantidade de CO2 fixada no solo através de técnicas de agricultura de conservação é superior às nove milhões de toneladas por ano, com um potencial para chegar às 53 milhões de toneladas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.