Estudo revela que duas horas por semana na natureza trazem benefícios para a saúde

Uma dose de duas horas na natureza por semana aumenta significativamente o bem-estar e a saúde, revela um estudo científico britânico publicado a 13 de Junho na revista Scientific Reports.

Os benefícios físicos de passar tempo em jardins, florestas ou praias são bem conhecidos. Mas esta nova investigação quis saber quanto tempo é necessário para vermos efeitos na nossa saúde e bem-estar.

Os investigadores entrevistaram cerca de 20.000 pessoas em Inglaterra sobre a sua actividade na semana anterior.

Daqueles que passaram pouco ou nenhum tempo na natureza, 40% queixaram-se de problemas de saúde e quase metade disseram não estar satisfeitos com a sua vida, uma medida usada para aferir o nível de bem-estar.

Pelo contrário, apenas um sétimo daqueles que passaram pelo menos duas horas na natureza se queixaram de problemas de saúde e um terço não estavam satisfeitos com a sua vida.

O estudo, coordenado por Mathew White, da Escola Médica da Universidade de Exeter, concluiu também que os benefícios de duas horas na natureza são os mesmos tanto para crianças como para adultos. “Estar na natureza parece ser bom para todas as pessoas”, comentou Mathew White, ao jornal The Guardian. E “não é preciso a pessoa fazer exercício físico; basta estar sentada num banco.”

Os investigadores também descobriram que não interessa se as duas horas são feitas de uma única vez ou se numa série de visitas mais pequenas a um espaço natural. Ou ainda se as pessoas vão para um jardim urbano, para uma floresta ou para uma praia.

Outro aspecto a destacar deste estudo é a importância da riqueza da biodiversidade de um local. “As pessoas conseguem reduzir mais o stress que sentem se o sítio onde estão a passear for de interesse científico, uma paisagem protegida ou algo do género”, acrescentou Mathew White.

A investigação não tentou descobrir as razões pelas quais estar na natureza é tão benéfico, mas Mathew White sugere que poderá dever-se a uma sensação de tranquilidade. “A dada altura, a maioria das pessoas está sob várias pressões. Por isso, ao sair para a natureza, num local tranquilo, as pessoas conseguem começar a relaxar e a processar tudo aquilo que estão a sentir.”

O estudo utilizou dados do inquérito da Natural England “Monitor of Engagement with the Natural Environment Survey” (realizado em 2014 e 2015), o maior estudo internacional de recolha de informações sobre o contacto semanal das pessoas com o mundo natural.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.