Oceanos. Foto: Mobibit/Pixabay

Fim à vista para sacos de plástico no pão, fruta e legumes

O Parlamento aprovou hoje por unanimidade um projecto de Lei para acabar com os sacos de plástico ultraleves usados na venda do pão, fruta e legumes. O plástico é um grave problema para a fauna marinha, desde baleias a tartarugas e aves.

 

A partir de Junho de 2020 passam a ser obrigatórias alternativas aos sacos de plástico ultraleves e às cuvetes descartáveis que contenham plástico ou poliestireno expandido, usadas para embalar ou acondicionar pão, frutas e legumes, segundo o Projecto de Lei nº 1187/XIII/4.a, apresentado pelo Partido Ecologista Os Verdes (PEV).

De acordo com o projecto de Lei, apresentado a 1 de Abril e aprovado esta tarde na generalidade, “é obrigatória a disponibilização aos consumidores de alternativas de embalagem primária de pão, frutas e legumes vendidos a granel, nos pontos de venda”.

Esta lei, que entra em vigor 60 dias depois da sua publicação, deverá aplicar-se a todos os estabelecimentos comerciais que vendem pão, legumes e frutas. Em caso de incumprimento, os estabelecimentos incorrem em contraordenação. O montante das coimas a aplicar, o seu destino e processamento, será definido pelo Governo através de regulamentação específica.

Será o Ministério da Economia a entidade responsável por fiscalizar o cumprimento da lei.

O plástico tornou-se um “problema ambiental muito sério”, sublinha o PEV, especialmente para a fauna marinha. “Já se tornou notícia comum o facto de se encontrarem baleias, tartarugas, aves marinhas com o estômago repleto de plástico, seja com dimensões mais consideráveis ou microplásticos.”

Esta realidade acaba por chegar aos consumidores de peixe que correm “o sério risco de ingerir plástico, o que tem, para além da dimensão ambiental geral, uma incidência sobre a saúde humana e a sobrevivência de outros seres”, lembra aquele partido.

Este projecto de Lei pretende ser um contributo para a redução da utilização do plástico. “Os estabelecimentos comerciais são, ainda, um centro de consumo e de acumulação de plástico. Por falta de alternativas, os consumidores são muitas vezes obrigados a trazer consigo um conjunto significativo de plásticos, ainda por cima descartáveis, do qual não têm necessidade e que nem reutilizarão”, acrescenta.

O partido propõe alternativas de embalagem para pão, frutas e legumes vendidos a granel, compostos por outros materiais mais sustentáveis e propõe que os estabelecimentos comerciais se devem adaptar aos consumidores que queiram levar os seus sacos próprios para acondicionar as frutas e legumes vendidos a granel ou o pão que compram.

O PEV recorda que as embalagens correspondem a 40% do uso do plástico e que, se nada for feito, em 2050 “é possível que os nossos mares venham a ter mais plástico do que peixe”. “Esta realidade é assustadora e gera-nos uma responsabilidade de agir com urgência no sentido de prevenir a entrada de novos resíduos de plástico nos rios, estuários e oceanos.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.