Flores silvestres. Foto: Helena Geraldes/Wilder

Flores silvestres melhoram produção agrícola e biodiversidade

As áreas com maior densidade de flores silvestres têm até 70% mais artrópodes polinizadores e mais 40% daqueles que controlam as pragas de forma natural, revela um novo estudo científico.

O estudo, publicado a 7 de Abril na revista Ecology Letters, descobriu também que as zonas com mais flores do campo conseguem ter uma maior produtividade das colheitas agrícolas.

A equipa internacional de investigadores analisou dados de 49 estudos sobre 1.515 paisagens por toda a Europa.

O seu objectivo era saber como a organização das zonas de cultivo agrícola e outros habitats nas paisagens afecta a abundância de artrópodes e a qualidade dos serviços que estes prestam aos ecossistemas.

“Nas áreas onde há maior densidade de flores do campo comprovámos que a abundância de artrópodes polinizadores e os controladores naturais de pragas aumentou em 70% e em 44%, respectivamente”, explicou, em comunicado, Elena Concepción, investigadora do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid que participou no estudo.

“Descobrimos ainda que nas paisagens com mais de 50% de terrenos cultivados, a produtividade das colheitas aumentou com a densidade dos prados silvestres”, acrescentou.

Foto: MNCN- CSIC

Não obstante, “os efeitos nos diferentes tipos de paisagens não são lineares. As respostas variam através dos gradientes de composição e de configuração da paisagem”.

Impactos da produção intensiva

Os investigadores sublinham que “está provado que a agricultura e a criação de gado intensivas prejudicam a biodiversidade, uma vez que reduzem drasticamente o número de espécies animais e vegetais”.

Acontece que “as espécies que desaparecem com estas práticas são imprescindíveis também para a produção dos alimentos que consumimos”.

É o caso dos artrópodes que actuam como polinizadores e como controladores naturais das pragas que afectam as colheitas agrícolas.

Segundo Mario Díaz, também investigador daquele Museu, “este estudo corrobora a ideia de que favorecer a diversidade nos ecossistemas não apenas melhora a biodiversidade como também aumenta a produção agrícola e a torna mais sustentável”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.