Floresta. Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay
Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay

Fogos: Governo dá luz verde a 47 áreas integradas de gestão da paisagem

Conseguir uma “transformação estrutural da floresta” é o objectivo por detrás da aprovação das primeiras 47 áreas integradas de gestão da paisagem, revelou hoje o primeiro-ministro António Costa.

António Costa falava hoje na Pampilhosa da Serra para apresentar o que está previsto acontecer nas Florestas, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Trata-se de não termos manchas contínuas de resinosas, de eucaliptos e pinheiros, que são importantes, mas cuja concentração impede a floresta de ser uma riqueza para todos, sendo uma ameaça permanente, pelo risco de incêndio florestal”, disse o primeiro-ministro.

As 47 áreas integradas de gestão da paisagem (AIGP) estão a ser criadas em zonas de minifúndio e de elevado risco de incêndio. Nelas, será promovida a gestão e a exploração comum dos espaços agroflorestais para promover a resiliência a incêndios, valorizar o capital natural e promover a economia rural.

Estas áreas terão financiamento para funcionar, nomeadamente para a remuneração dos serviços dos ecossistemas, desde a manutenção de vegetação ripícola, passando pela criação de mosaicos de paisagem e pela manutenção de áreas onde ocorrem espécies endémicas, culturas importantes para a preservação da fauna ou que sejam Rede Natura 2000.

O objectivo é “criar uma nova paisagem, que interrompa as áreas de pinheiro e eucalipto e permita introduzir outras culturas que gerem mais valor para os seus proprietários, para o território e, simultaneamente, tornem o território mais seguro”, explicou António Costa. 

Com estas áreas “damos início à transformação estrutural desta floresta”.

Entre os municípios com AIGP com parecer positivo estão Mação, Arganil, Oliveira do Hospital, Seia, Vila de Rei, Vila Pouca de Aguiar, Figueiró dos Vinhos, Vila Nova de Poiares, Proença-a-Nova, Silves, Oleiros, Pampilhosa da Serra e Vouzela.

O PRR dedica um total de 615 milhões de euros à Floresta. Parte será dedicado à realização do cadastro para que se conheça cada propriedade, o que há em cada parcela. 

Também está previsto financiamento à “conclusão da rede de protecção primária da floresta, com a criação das faixas de interrupção de combustíveis”, explicou António Costa. “São milhares de quilómetros lineares que têm de ser abertos para interromper as massas florestais, para permitir que os bombeiros possam circular e travar o seu combate, quando necessário.”

O PRR vai investir também na “transformação da paisagem com culturas diversas, que gerem maior rendimento”. Esta é, segundo o primeiro-ministro, “a forma de quebrar o ciclo de perda de valor da floresta e da biomassa, de abandono dos territórios que a história nos legou”. “A forma de inverter este ciclo é gerar rendimento que fixe população.”

Também estão previstos 145 milhões de euros para desenvolver as bioindústrias, para aprovar a biomassa e para a transformar “em tecido, em calçado ou em resina que possamos aplicar”, acrescentou António Costa.

Entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano, foram registados um total de 3.628 incêndios rurais que resultaram em 11.030 hectares de área ardida, segundo o 1º Relatório Provisório de Incêndios Rurais disponibilizado pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.


Saiba mais na Resolução de Conselho de Ministros de 2020 que criou o Programa de Transformação da Paisagem.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.