Fotografia de areal da Costa da Caparica distinguida por prémio europeu

A fotografia “Árvores de areia”, do fotógrafo português de vida selvagem Luís Quinta, que retrata o areal da Costa da Caparica, foi distinguida pelo European Wildlife Photographer of the Year 2017.

 

Captada na Fonte da Telha, na freguesia da Costa da Caparica (concelho de Almada), a imagem foi premiada com um Highly Commended na categoria “Nature´s Studio”. A entrega dos prémios, organizados pela Sociedade Alemã de Fotógrafos de Natureza (GDT), aconteceu a 27 de Outubro em Lunen, na Alemanha.

 

 

Segundo explicou Luís Quinta à Wilder, a fotografia foi realizada a menos de 15 metros de altitude, com recurso a um drone. “Há vários anos que trabalho com drones, para fotografar e filmar. É como ter uma objectiva que voa e permite outras abordagens estéticas, outras perspectivas, muitas vezes, pouco vistas, ou mesmo inovadoras.” Além disso, “é uma maneira de captar imagens aéreas de forma mais barata e simples”, em relação a ter de alugar um avião ou um helicóptero.

A imagem retrata a beleza das “árvores de areia”, formadas na Costa da Caparica. Por residir naquela região há mais de 20 anos, há já muito tempo que Luís Quinta observa estas formações em toda a Frente Atlantica de Almada, desde a Costa da Caparica até à Fonte da Telha. “Podem ser ‘árvores’ de pequena escala (com um metro de comprimento), até desenhos de grande escala, como estas que terão cerca de 10 metros de comprimento.”

“Com a maré vazia e nesta zona da costa, a água infiltrada na areia (durante a maré cheia), escorre para o mar durante horas. Estas escorrencias desenham sulcos na areia fina. Alguns desenhos parecem árvores.”

Para chegar a esta imagem, Luís Quinta percorreu vários locais, sempre atento ao fenómeno e fez várias experiências. “Algumas fotos deste voo resultaram em pleno, do que queria registar.”

Segundo o especialista, esta fotografia é especial na medida em que permite uma leitura subjectiva. Além disso, tem “as cores e as linhas muito complementares e equilibradas”. “Para mim tem ainda um ‘sabor’ especial, pois a foto foi captada na minha terra, o concelho de Almada, onde sempre vivi. Podia ter feito uma imagem muito idêntica na Islândia ou na África do Sul mas não teria o mesmo sentimento do que ter sido captada à porta de casa.”

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Fotografar as praias portuguesas neste Outono é uma excelente oportunidade para estar mais perto da natureza, para se divertir e explorar a sua câmara fotográfica.

Segundo Luís Quinta, apesar de as praias da costa portuguesa serem um “óptimo local para se fotografar durante todo o ano”, o Outono e o Inverno têm a “vantagem de ter menos pessoas e existir mais dinâmica com a ondulação, que por vezes pode ser forte”.

“Temas, atitudes e abordagens não faltam. Desde as poças de maré com a sua fauna e flora, aos grafismos das areias, às ondas, aos animais que se alimentam, passeiam, descansam e morrem nas praias. Há de tudo… para todos os gostos.”

 

[divider type=”thick”]Veja aqui as fotografias vencedoras do European Wildlife Photographer of the Year 2017 em todas as categorias.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.