lobo ibérico
Lobo ibérico conservado no Museu de História Natural, Lisboa. Foto: Joana Bourgard

França revela plano sobre o lobo para os próximos seis anos

O Governo francês revelou hoje o Plano Nacional de Acção 2018-2023 para “garantir a conservação da espécie e levar em conta as preocupações dos criadores de gado”, bem como as condições em que se podem abater lobos.

 

Entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2018 poderão ser abatidos 40 lobos (Canis lupus), mas este número será actualizado na Primavera prevendo-se que possa “ser levado a 10% da população” de lobos ou, em algumas excepções, a 12%.

A partir de 2019, será este princípio que será aplicado todos os anos: 10% do efectivo anual, avança hoje o jornal francês Le Monde.

Esta percentagem tem origem num estudo de cientistas, publicado em Março e coordenado pelo Museu Nacional francês de História Natural e pelo Departamento Nacional francês da Caça e da Fauna Selvagem (ONCFS, sigla em francês). O estudo recomenda que não se abata mais de 10% da população para a manter estável.

O futuro plano nacional considera que será preciso que a população de lobos chegue aos 500 animais até 2023 para ser considerada viável em França.

Os criadores de gado terão mais facilidade em abater lobos no caso de os seus rebanhos estarem ameaçados e não poderem ser protegidos. Mas as indemnizações por ataque de lobos só poderão ser pagas se os criadores de gado tiverem no terreno pelo menos dois tipos de medidas de protecção, como cães de gado ou vedações, por exemplo.

No entanto, este plano não satisfaz nem conservacionistas nem criadores de gado. Os primeiros denunciam o facilitismo no abate de lobos como defesa, uma vez que a eficácia da medida “não está provada”. Os segundos exigem o “direito legítimo de defender o seu rebanho de forma permanente”, notando que em 2016 o lobo matou 10.000 ovelhas.

A população de lobos em França aumentou de 292 animais em 2016 para 360 este ano, registando uma subida de 23%, revelou o Departamento Nacional francês da Caça e da Fauna Selvagem em Maio passado. Segundo os dados, que resultaram da contagem de lobos para o Inverno 2016/2017, foram registadas 57 Zonas de Presença Permanente (uma subida em relação às 49 detectadas no ano passado) e 42 alcateias (no ano passado eram 35).

Este plano nacional, prometido por Nicolas Hulot, ministro francês da Transição Ecológica, deverá ser publicado a 1 de Fevereiro de 2018. Antes disso, o documento ainda deverá ser submetido ao Conselho Nacional de Protecção da Natureza e a uma consulta pública.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.