Greta Thunberg, 2018. Foto: Anders Hellberg/WikiCommons

Greta Thunberg doa meio milhão de euros do Prémio Gulbenkian a organizações ambientais

Metade do dinheiro que a ambientalista recebeu no âmbito do Prémio Gulbenkian para a Humanidade já foi distribuído por várias regiões do mundo.

Greta Thunberg está a cumprir o que prometeu quando lhe foi atribuído o Prémio Gulbenkian para a Humanidade, a 20 de Julho: aplicar o valor recebido, de um milhão de euros, em projectos de combate à crise climática e ecológica e aos seus efeitos nas populações mais desfavorecidas.

Até agora, anunciou esta segunda-feira a Fundação Calouste Gulbenkian, “a Fundação Greta Thunberg já doou quase metade do valor do prémio a uma dezena de organizações não-governamentais que se dedicam a causas ambientais e humanitárias”.

A campanha SOS Amazonia, da organização ambientalista Fridays for Future Brazil, foi uma das primeiras organizações apoiadas, com uma doação de 100.000 euros. Em causa está o combate à Covid-19 nas comunidades tradicionais da Amazónia, que de acordo com esta campanha são “as maiores protectoras da floresta e fundamentais na luta contra as mudanças climáticas”.

Outros 100.000 euros foram para a Stop Ecocide Foundation, que luta para tornar o ecocídio um crime reconhecido pelo Tribunal Criminal Internacional, trabalhando para isso com advogados, investigadores e diplomatas.

Seguiu-se outro pacote de doações no valor total de 100 mil euros, que tiveram como destino as vítimas das inundações na Índia e no Bangladesh. Esses apoios foram dirigidos a organizações no terreno, que se esforçam para fornecer abrigo, roupas, comida e cuidados médicos aos desalojados das regiões afectadas: a BRAC Bangladesh, a Goonj, a Action Aid India e a Action Aid Bangladesh.

“O desastre ecológico provocado pelo derrame de petróleo nas Maurícias, este Verão, mereceu também a atenção da Fundação Greta Thunberg”, acrescenta a Fundação Calouste Gulbenkian. Em resposta a um pedido de ajuda da Fridays For Future daquela região, foram doados 10.000 euros a uma campanha de ‘crowdfunding’ lançada por aquela organização, com o objectivo de comprar equipamento capaz de remover o óleo da costa.

As vítimas das alterações climáticas em África foram também apoiadas, através da doação de 150.000 euros repartidos por três organizações não governamentais: a Red Cross and Red Crescent Movement, organização que apoia comunidades vítimas de catástrofes em todo o continente africano, incluindo inundações, secas e insegurança alimentar; a Oil Change International, que “apoia projetos de energias renováveis em todo o continente africano”; a Solar Sister, uma estrutura que “dá apoio e formação empresarial a uma rede de mais de 5.000 mulheres empreendedoras da Tanzânia e Nigéria, para a criação de empresas limpas e movidas a energia solar.”

Greta Thunberg foi escolhida pelo Grande Júri do Prémio Gulbenkian para a Humanidade, presidido por Jorge Sampaio, entre 136 nomeações provenientes de 46 países.

As nomeações para a 2ª edição do Prémio Gulbenkian para a Humanidade começam já estão abertas e prolongam-se até Fevereiro de 2021.


Já que está aqui…

Apoie o projecto de jornalismo de natureza da Wilder com o calendário para 2021 dedicado às aves selvagens dos nossos jardins.

Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.

Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

O calendário pode ser encomendado aqui.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.