Há 200 espécies de insectos nas áreas verdes da Universidade de Aveiro

A inventariação foi feita por um aluno da Universidade para mostrar a biodiversidade que pode existir em áreas seminaturais e o que a instituição pode fazer para a ajudar.

 

David Alves inventariou as espécies de insectos em três espaços da Universidade de Aveiro, mais concretamente no prado nas traseiras do Departamento de Biologia, na marinha Santiago da Fonte e nas pseudodunas do ECOMARE (na Gafanha da Nazaré).

Durante este trabalho, feito no âmbito de uma tese de mestrado em Ecologia Aplicada, David Alves identificou cerca de 200 espécies de insectos e mais de 150 espécies de plantas.

 

David Alves e algumas plantas e insectos identificados. Foto: PressUA

 

O seu grande objectivo foi caracterizar as comunidades de insectos polinizadores e de plantas da Universidade de Aveiro, o primeiro passo para uma gestão sustentável das áreas verdes a pensar na biodiversidade.

David Alves confirmou a estreita ligação entre as plantas e determinados insectos polinizadores, mesmo em espaços pequenos. “O conhecimento destas interações específicas pode permitir delinear estratégias de gestão que promovam a conservação da biodiversidade de ambos os grupos”, segundo um comunicado da Universidade de Aveiro enviado hoje à Wilder.

A associação directa entre planta e insecto polinizador, em complemento das metodologias habituais com a utilização de redes entomológicas ou armadilhas, foi uma das particularidades do trabalho de David Alves, segundo as suas orientadoras, as investigadoras do DBio/CESAM, Olga Ameixa e Paula Maia.

 

Uma gestão pela natureza

David Alves propõe três formas de gerir espaços verdes para ajudar a natureza.

Uma delas é “fazer cortes não uniformes do coberto vegetal, uma vez que a presença ou a ausência destes insectos pode variar em áreas que distam poucos metros entre si”.

 

 

Outra forma de ajudar é fazer esses cortes de vegetação fora dos períodos de floração e de frutificação, “sendo estes os mais relevantes para a biodiversidade”.

Por fim, David Alves destaca a “importância do controlo das plantas invasoras de forma a permitir o desenvolvimento de espécies com maior valor ecológico”.

A Universidade de Aveiro tem uma nova estratégia de manutenção dos espaços exteriores, em especial nas áreas mais relevantes para a biodiversidade, e tem “vindo considerar os critérios elencados pelos investigadores”.

Segundo aquele comunicado, a universidade – que faz parte da Rede Campus Sustentável – tem plantado várias árvores nos seus espaços verdes, como o carvalho-alvarinho, a oliveira, o limoeiro e a laranjeira.

Os investigadores salientam, ainda, a necessidade de monitorizar regularmente a gestão dos espaços verdes para a biodiversidade, para verificar a “eficácia dos resultados e a adequação das práticas à dinâmica ecológica destes sistemas”.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Descubra mais aqui sobre a biodiversidade do campus da Universidade de Aveiro.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.