Abutre-preto (em primeiro plano). Foto: PJeganathan/Wiki Commons

Há 30 anos que não nasciam tantos abutres-pretos em Cabaneros

Este foi um bom ano para o abutre-preto no Parque Nacional de Cabañeros, em Castela-La Mancha, Espanha. Desde 1988 não nasciam ali tantas aves desta espécie: 187.

 

O abutre-preto (Aegypius monachus) é a maior ave de rapina da Europa. Em Portugal é uma espécie Criticamente Em Perigo de extinção. Apenas existem 20 casais nidificantes, concentrados em três núcleos: Tejo Internacional, Douro Internacional e Baixo Alentejo.

Uma das maiores populações de abutre-preto do mundo fica no Parque Nacional de Cabañeros, em Castela-La Mancha, Espanha. Ontem, fontes desta área protegida – um dos 15 parques nacionais de Espanha – revelaram à agência de notícias EFE que em 2017 registaram o maior número de crias de abutre-preto desde 1988, com 216 casais reprodutores e 187 crias (18 mais do que no ano anterior) que já começaram a voar.

Nos últimos anos, esta área protegida – criada em 1995 e com 40.856 hectares, onde também vive a águia-imperial-ibérica – tem registado uma tendência para o crescimento do núcleo reprodutor desta ave e tornou-se num importante refúgio para a espécie. Em 1988 existiam apenas 62 casais e 50 crias; em 2004 eram 144, com 111 crias.

Na região de Castela-La Mancha estão registados 380 casais nidificantes, segundo os mais recentes dados do Plano de Gestão da Rede de Alimentação de Aves Necrófagas. Apesar de haver uma tendência de aumento populacional, há alguns locais onde se regista uma diminuição considerável do número de casais reprodutores, como a Sierra de Canalizos e a vertente do rio Guadiana, salienta a EFE.

Em Portugal, este ano nasceram nove crias de abutre-preto: uma cria no Douro Internacional, seis no Tejo Internacional e duas no Baixo Alentejo. Destas nove apenas uma não sobreviveu. Era uma das duas crias do núcleo do Baixo Alentejo.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Eduardo Santos, da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), e Gonçalo Elias, do portal Aves de Portugal, dão-lhe as dicas que o vão ajudar a observar abutres-pretos. Leia tudo aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.