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Foto: Danilo Cedrone/Wiki Commons

Há menos poluentes tóxicos no peixe dos oceanos

Os poluentes agrícolas e industriais são uma presença constante em peixes de todos os oceanos, concluíram cientistas da Universidade da Califórnia, em San Diego. Mas também há boas notícias: tudo indica que os níveis de concentração destes produtos têm vindo a descer nos últimos 30 anos.

 

Os resultados desta pesquisa foram hoje publicados na PeerJ por um grupo de investigadores do Scripps Institution of Oceanography, ligado à Universidade da Califórnia. Baseiam-se na análise de dados em centenas de estudos científicos realizados entre 1969-2012, relativos à concentração de várias classes de poluentes conhecidos como poluentes orgânicos persistentes (POPs).

Em causa estão produtos utilizados em larga escala e entretanto banidos mas também alguns recentes: DDT, mercúrio, dioxinas, furanos e policrorobifenilos (PCBs), entre outros.

“Baseados nos melhores dados recolhidos em todo o mundo, podemos afirmar que os POPs podem estar em qualquer lado e em qualquer espécie de peixe marinho”, avisa Stuart Sandin, um dos membros da equipa, citado pelo site Eurekalert.

Por outro lado, todos os poluentes analisados “mostram declínios significativos nos níveis de concentração através do tempo, variando entre 15 a 30% de redução por década”, indicam os investigadores, no estudo publicado. Os programas de mitigação parecem ser “eficazes”, mas é necessário ter em atenção que “os níveis globais diminuem lentamente”, avisam.

Feitas as contas, “o peixe que é hoje tipicamente consumido pode ter cerca de 50% da concentração da maioria dos POPs que teria esse mesmo peixe, se fosse consumido pelos nossos pais quando tinham a nossa idade”, explicou Lindsay T. Bonito, coordenadora da pesquisa.

No entanto, como ocorre uma variação muito grande nas quantidades de poluentes em diferentes locais e espécies, qualquer pessoa corre o risco de consumir peixe com POPs acima dos níveis aconselhados pela Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), sublinha a equipa.

Nos dados analisados, os níveis de mercúrio e de PCBs detectados estavam no limite do aconselhado para um consumo humano ocasional, com base nas determinações da EPA, enquanto as quantidades de DDT se encontravam muito abaixo do máximo permitido.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.