Foto: Helena Geraldes/Wilder

Hoje é dia de Greve Climática Global

Hoje, dia 27 de Setembro, Portugal junta-se a mais de 100 países com greves e marchas em defesa do planeta previstas para 30 cidades.

Um pouco por todo o mundo, em 150 países, milhares de pessoas juntam-se aos estudantes que se levantam contra as alterações climáticas e que pedem o fim da dependência dos combustíveis fósseis.

Em Portugal há marchas, caminhadas e greves previstas em 30 cidades: Aljezur, Aveiro, Braga, Castro Verde, Chaves, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Guimarães, Lagos, Leiria, Lisboa, Lousada, Maia, Moimenta da Beira, Penafiel, Pombal, Ponta Delgada, Portalegre, Portimão, Porto, Serpa, Setúbal, Sines, Tavira, Viana do Castelo, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real e Viseu.  

A maioria das mobilizações está marcada para as 17h00.

“Perante um cenário de emergência climática que já afeta milhões de pessoas em todo mundo, exige-se uma maior ambição por parte dos decisores políticos de forma a manter o nível aquecimento global preferencialmente abaixo dos 1,5ºC, tal como previsto no Acordo de Paris”, escreve a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, que participa em várias acções ao longo do dia.

“As consequências resultantes das alterações climáticas poderão ser irreversíveis, colocando em risco a sobrevivência da humanidade”, alerta ainda.

Esta iniciativa surge inspirada nos jovens que, em vários países, fazem greve à escola às sextas-feiras, em protesto contra as alterações climáticas.

Mas desta vez, o protesto chega de toda a sociedade.

Entre as organizações que se juntam à Greve Climática Global está a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea). Quer assim “reivindicar políticas que travem a destruição do planeta e encarem a natureza como um valor a preservar”.

A organização alerta, numa nota, que “o tempo urge e são precisas decisões eficazes para travar as alterações climáticas, a perda da biodiversidade, e as suas consequências para o planeta e para a saúde das pessoas”. 

“Ainda vamos a tempo de assegurar um futuro para estes jovens: chegou a hora haver vontade política para travar esta catástrofe”, disse Domingos Leitão, diretor executivo da Spea.

A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza também se junta à Greve Climática Global, nomeadamente em Lisboa, Leiria e Portalegre.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) é outra das organizações a participar. “As questões climáticas e ambientais estão na primeira linha de preocupações dos professores, logo também da sua mais representativa organização sindical”, escreve em comunicado, citado pelo jornal Público.

Os últimos cinco anos foram o período mais quente jamais registado no planeta, segundo um relatório publicado neste domingo pela ONU. A Terra está, em média, 1ºC mais quente do que no século XIX. Estima-se que em 2100 estará 3ºC mais quente, se forem cumpridos os actuais compromissos.

Para que o aumento médio da temperatura se limite aos 1,5ºC, os esforços dos países deverão ser multiplicados por cinco, estima a ONU. 

Os impactos também estão a ser sentidos na biodiversidade. Um estudo da organização WWF e das universidades de East Anglia e James Cook, publicado em Março de 2018 na revista Climatic Change, olhou para o impacto das alterações climáticas em quase 80.000 espécies de plantas e animais em 35 das áreas mais diversas e naturalmente ricas em vida selvagem do mundo.

Concluiu que, até ao final deste século, as maiores florestas do mundo podem perder mais de metade das suas plantas e animais por causa das alterações climáticas. A existência de elefantes, tigres e tartarugas-marinhas não está garantida. Assim como a de inúmeras outras espécies. Mamíferos, anfíbios, répteis e aves poderão desaparecer a uma escala catastrófica em 35 dos locais mais ricos em espécies selvagens do planeta.

As zonas mais afectadas serão as florestas do Miombo, que abriga os cachorros selvagens africanos, o sudoeste da Austrália e as Guianas da Amazónia.


Agora é a sua vez.

Conheça cinco medidas que pode tomar em Portugal para combater as alterações climáticas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.