Foto: Virvoreanu Laurentius/Pixabay

Hoje esgotámos os recursos naturais da Terra para 2019

Ainda faltam cinco meses para 2019 terminar e os ecossistemas do planeta já esgotaram os recursos naturais que podem fornecer à humanidade, de forma sustentável. O Earth Overshoot Day deste ano chega a 29 de Julho.

Os recursos naturais do planeta Terra não chegam para sustentar a Humanidade durante todo o ano. Na verdade, esgotaram-se hoje, dia 29 de Julho, chamado Earth Overshoot Day

As contas ao consumo mundial de recursos naturais e à capacidade do planeta em renová-los são feitas, todos os anos, pela Global Footprint Network (GFN), organização internacional sem fins lucrativos criada em 2003.

Esta espécie de “cartão de crédito” ambiental é usado cada vez mais cedo, alerta, em comunicado, a associação ZERO. Entre 2018 e 2019 há uma antecipação de três dias.

“A tendência tem sido a de acionar o cartão de crédito ambiental cada vez mais cedo, não obstante todo o discurso político e público sobre economia circular e neutralidade carbónica”, salienta a associação.

Actualmente, considerando a média mundial, estamos a consumir os recursos de cerca de 1,75 planetas. “O overshoot (ou sobrecarga) só é possível porque estamos a esgotar o capital natural da Terra, o que põe em causa o futuro da humanidade”, explica a ZERO. Desta sobre-exploração resulta, por exemplo, a desflorestação, a erosão do solo, a perda da biodiversidade ou o aumento dos níveis de carbono na atmosfera.

Portugal é um contribuinte ativo para esta situação. “Se todos os países tivessem a mesma pegada ecológica que o nosso, seriam necessários 2,5 planetas”. Este ano Portugal atingiu o seu Overshoot Day a 26 de Maio.

O consumo de alimentos (32% da pegada global do país) e a mobilidade (18%) encontram-se entre as atividades humanas diárias que mais contribuem para a Pegada Ecológica de Portugal.

Para travar esta tendência, a ZERO considera necessária uma mudança dos estilos de vida e a acção política e das empresas.

Entre as soluções está a redução e reutilização de recursos (através da aposta numa economia circular) e a promoção de uma dieta alimentar saudável e sustentável (com um aumento do consumo de hortícolas, frutas e leguminosas secas).

Outra medida é a promoção da mobilidade sustentável, apostando nos transportes públicos, na partilha do transporte (car-sharing), na bicicleta ou no andar a pé.

Além disso, a ZERO defende que “as soluções menos sustentáveis sejam penalizadas”, ao mesmo tempo que as opções sustentáveis são incentivadas.

Para começar, a associação sugere “estabelecer o objetivo de fazer uma mudança por mês para tornar o seu quotidiano mais sustentável e partilhá-lo com os seus amigos e colegas”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.