Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ/arquivo
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Inaugurado o Observatório do Lince no Espaço Natural de Doñana

O novo Observatório do Lince, inaugurado hoje na Andaluzia, vai permitir a crianças e adultos descobrir como vive o lince-ibérico no seu habitat, informou hoje a Junta daquela região espanhola.

 

Representando um investimento de 192.500 euros, estas instalações vão albergar linces que não são aptos para a reprodução e mostrar como é o habitat desta espécie. A presidente da Junta de Andaluzia, Susana Díaz, inaugurou o novo espaço e salientou que este vem responder a um “pedido de muitos sectores: da comarca, do município de Almonte e de todos os que trabalham para conservar o lince”.

Além de ficarem a conhecer o que está a ser feito para recuperar a espécie, nas instalações do centro de reprodução em El Acebuche (Almonte, Huelva), os visitantes do observatório poderão ver de perto dois linces. Estes são animais oriundos da reprodução em cativeiro e foram seleccionados pela Junta da Andaluzia. Tratam-se do macho Eucalipto e da fêmea Aura. Nenhum deles está apto para a reprodução e não podem contribuir geneticamente para o programa ibérico de cria.

Segundo as autoridades, o novo espaço – um antigo recinto, que já não estava a ser utilizado, para a observação de ungulados – vai contribuir para difundir o programa de recuperação da espécie na Península Ibérica e sensibilizar a sociedade para a importância da sua conservação.

Com a abertura deste observatório, a Junta da Andaluzia quer ainda melhorar e aumentar a oferta em matéria de uso público e educação ambiental em Doñana, especialmente na área de El Acebuche, e ainda ajudar ao bom funcionamento do programa de conservação da espécie.

Actualmente a população mundial de lince-ibérico (Lynx pardinus) está estimada em 547 animais. Destes, 448 vivem na Andaluzia.

À medida que aumenta o número de animais aumenta também o território de expansão do lince. Por isso, lembrou Susana Díaz, “é preciso repensar os elementos onde precisamos intervir, como a rede de estradas” para evitar atropelamentos.

Ainda esta manhã, técnicos da Junta da Andaluzia encontraram o cadáver de um lince-ibérico macho juvenil atropelado na estrada A-301, perto de La Carolina (Jaén). O animal, que tinha uma coleira transmissora, foi levado para o Centro de Análises e Diagnóstico da Fauna Silvestre da Junta da Andaluzia, onde será feita a necropsia.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Em Portugal vivem cerca de 40 linces-ibéricos em estado selvagem. Mas se quiser ver linces, o mais fácil será ir até ao Jardim Zoológico de Lisboa, espaço que, desde Dezembro de 2014 alberga Azahar – fêmea que foi o primeiro lince a inaugurar o centro nacional de reprodução do lince-ibérico, em Silves, em 2009 – e Gamma, macho com sete anos, que também veio de Silves.

Outra opção será deslocar-se até ao observatório perto do Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI), em Silves, e espreitar pelos telescópios para os animais que ali vivem.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.