Investigador da Universidade de Coimbra descobre fóssil de nova espécie de conífera

A nova espécie, Pseudofrenelopsis zlatkoi, pertence a uma família de coníferas já extinta (Cheirolepidiaceae) e foi encontrada no Juncal, distrito de Leiria, anunciou hoje a Universidade de Coimbra.

A Pseudofrenelopsis zlatkoi foi identificada em flora do Cretácico Inferior (período compreendido entre há 145 milhões e 100 milhões de anos, aproximadamente) do Juncal, no distrito de Leiria, e foi dedicada a Zlatko Kvaček, antigo professor da Universidade de Charles, Praga, República Checa. A descrição da nova espécie foi publicada na revista “Review of Palaeobotany and Palynology“.

Mário Miguel Mendes, investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) que descobriu esta nova espécie, explica que esta se assemelha bastante a uma outra cheirolepidiácea, Pseudofrenelopsis parceramosa, mas difere por apresentar cutícula mais fina, áreas nodais expandidas e entrenós sulcados.

Pseudofrenelopsis zlatkoi é caracterizada por apresentar entrenós sulcados e a sua morfologia é espelhada na disposição das estruturas epidérmicas, tendo geralmente cristas construídas por células epidérmicas ordinárias alongadas”, revelou num comunicado daquela universidade.

Esta investigação centrou-se no estudo das floras do Cretácico português para compreender como era a composição florística daquela época e quais as condições paleoclimáticas que levaram à radiação e diversificação das angiospérmicas.

O trabalho tem sido desenvolvida em parceria com várias instituições internacionais, designadamente o Museu sueco de História Natural de Estocolmo (Suécia), a Universidade de Aarhus (Dinamarca), a Universidade de Yale (Estados Unidos da América) e o Museu Nacional de Praga (República Checa). 

“Os nossos trabalhos prendem-se, fundamentalmente, com o estudo da evolução das angiospérmicas (plantas com flor) e Portugal tem uma geologia com características únicas que possibilitam acompanhar as principais etapas de evolução da flora pois, salvo algumas lacunas, estão representadas rochas com registo fossilífero desde o Proterozóico Superior até ao período atual”, conclui Mário Miguel Mendes. 

Este estudo teve o financiamento das instituições internacionais envolvidas, bem como, da sua unidade de I&D, o MARE/ARNET da Universidade de Coimbra.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.