Helena Freitas. Foto: D.R.

Investigadora Helena Freitas assume a direcção do Parque de Serralves

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O Conselho de Administração da Fundação de Serralves nomeou Helena Freitas para o cargo de Diretora do Parque de Serralves, no Porto, anunciou a Fundação nesta terça-feira, dia 18 de Janeiro. A Wilder fez quatro perguntas à investigadora.

WILDER: Quais são os seus principais objectivos para o Parque de Serralves?

Helena Freitas: Eu tenho estado a coordenar a equipa directiva do Parque desde Agosto de 2020 e nessa condição, tenho acompanhado a programação de 2020 e 2021. O crescente envolvimento nas dinâmicas de educação e ciência, levou-me a assumir  uma maior disponibilidade. Continuarei na universidade, mas não em exclusividade.  Os meus objectivos passam por dar continuidade ao trabalho que vinha fazendo, mas que a situação pós-pandémica permitirá tornar mais visível. A gestão do parque continuará a ser um trabalho de equipa, cuidando e valorizando os espaços naturais e promovendo a educação ambiental em estreita sintonia com as iniciativas de promoção e comunicação de ciência. Pretendo ainda fomentar a articulação e as dinâmicas interdisciplinares, em particular o diálogo entre arte e ciência. Por outro lado, o extraordinário dinamismo da cidade do Porto garante a continuidade de iniciativas conjuntas com vista a um reforço da agenda ambiental – que na verdade se tem também afirmado na colaboração com um amplo conjunto de municípios que integram a rede de Serralves.

W: Como seria o Parque de Serralves ideal, para si?

Helena Freitas: O Parque de Serralves é um espaço singular e uma referência nacional e internacional em múltiplos aspetos. A importância que o Parque hoje tem deve-se a esse reconhecimento por parte dos diversos públicos que o visitam e o usufruem. Continuar a afirmar este caminho de qualidade e de afetos é privilégio suficiente. 

W: Como comenta este novo cargo no âmbito da sua carreira?

Helena Freitas: Gosto de projetos que me desafiam a fazer mais e melhor. Gosto da natureza e da harmonia que o Parque inspira. Valorizo a força criativa do ambiente interdisciplinar de Serralves. Mais do que um cargo, é um tempo de convergência de pessoas e objetivos em prol de um projeto coletivo.

W: Na sua opinião, qual a importância do Parque de Serralves na aproximação da sociedade ao mundo natural e na conservação da biodiversidade?

Helena Freitas: O papel do Parque na aproximação que promove ao mundo natural e na conservação da biodiversidade é notável. O conjunto de projetos na área educativa e os grandes eventos têm sempre este desígnio e a ambição é alcançar (abraçar) todos os públicos.   

Parque Serralves. Foto: D.R.

O Parque de Serralves, no coração de uma área metropolitana vasta, tem 18 hectares de extensão e mais de 60 espécies de fauna – mamíferos, aves, répteis e anfíbios, para além de um vastíssimo número de espécies de invertebrados – e 225 espécies de flora já estão registadas nas suas matas, jardins e na quinta tradicional. Pode saber quais são aqui.

Helena Freitas é professora Catedrática na área da Biodiversidade e Ecologia no Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e é detentora da Cátedra Unesco em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento Sustentável, na mesma universidade. É ainda coordenadora da unidade de investigação Centre for Functional Ecology – science for people and the planet, coordenadora científica do FitoLab – Laboratório de Fitossanidade do Instituto Pedro Nunes, e integra o Conselho Científico do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.