Foto: Helena Geraldes/Wilder

IPCC reúne-se em Portugal para debater alterações climáticas

Cerca de 260 especialistas de mais de 60 países reúnem-se em Faro de 26 de Janeiro a 1 de Fevereiro para trabalhar no 6º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).

 

Sucedem-se os avanços da comunidade científica sobre o conhecimento que temos sobre os impactos das alterações climáticas e como nos podemos adaptar a eles.

Para transmitir as novas descobertas e os novos dados científicos aos decisores mundiais e à sociedade em geral, o IPCC – organismo das Nações Unidas criado para avaliar a Ciência relacionada com as alterações climáticas – está actualmente a trabalhar no seu 6º Ciclo de Avaliação, no âmbito do qual vai publicar três relatórios especiais e um relatório de síntese, este último previsto para 2022.

Este é um esforço que envolve vários dezenas de especialistas de todo o mundo, organizados em três grupos de trabalho. Um deles, o que se dedica aos impactos, à adaptação e à vulnerabilidade face às alterações climáticas, vai reunir-se na Universidade do Algarve, em Faro, a partir de 26 de Janeiro, naquela que será a terceira sessão de trabalho com os principais autores. A quarta sessão está prevista para a semana de 2 a 7 de Novembro deste ano, em local ainda a definir.

“Os cientistas do IPCC vão reunir-se para trabalhar na avaliação do impacto das alterações climáticas nos ecossistemas, na biodiversidade e nas sociedades estabelecidas”, explicou, em comunicado, Debra Roberts, co-presidente do Grupo de Trabalho. “Esta reunião fornecerá dados científicos atualizados ao nível regional e setorial sobre como enfrentar os desafios decorrentes das alterações climáticas.”

Desta reunião resultará um esboço do relatório, que irá ainda ser revisto pelos Governos e especialistas em Agosto de 2020. O relatório, que incluirá também as contribuições dos outros dois grupos de trabalho do IPCC, será finalizado, debatido e aprovado em Outubro de 2021.

“A reunião em Portugal é um marco importante nos preparativos para a próxima avaliação da ciência das alterações climáticas”, explicou Hans-Otto Pörtner, também co-presidente do Grupo de Trabalho.

“Essa avaliação de especialistas enriquecerá o conhecimento das nossas vulnerabilidades face às alterações climáticas, mas também a capacidade e os limites dos sistemas naturais e humanos para se adaptarem a elas, para além de opções para criar um futuro mais sustentável por intermédio de uma abordagem integrada de mitigação e adaptação a todos os níveis.”

Em 2022 estará, então, concluído o sexto ciclo de avaliação, aquando da conclusão do Relatório de Síntese que vai integrar este relatório, as outras duas contribuições do Grupo de Trabalho e três Relatórios Especiais.

O Relatório de Síntese produzido pelo IPCC será conhecido ainda antes de se fazer o balanço global em 2023, na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, onde irá ser revisto o progresso de um dos objetivos do Acordo de Paris, que pretende manter o aquecimento global abaixo de 2°C e limitá-lo a 1,5°C.

O evento na Universidade do Algarve contará com a presença de vários representantes de entidades portuguesas, incluindo Ricardo Serrão Santos, ministro do Mar; Adelino Canário, presidente da direção do Centro de Ciências do Mar (CCMAR); Miguel Miranda, presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Acção Climática (ainda a confirmar).

Entre os peritos do IPCC em Faro estão Thelma Krug, Youba Sokona, Hans-Otto Pörtner e Debra Roberts.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Descubra aqui o que pode fazer em Portugal para combater as alterações climáticas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.