Já começou o novo projecto que quer duplicar abutres-pretos a nidificar em Portugal

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Consolidar e acelerar o regresso do abutre-preto (Aegypius monachus) a Portugal é o grande objectivo do novo projecto LIFE Aegypius Return, que começou em Novembro. Com um orçamento de 3,7 milhões de euros, a meta é conseguir passar de 40 para 80 casais.

“Existem agora quatro colónias nidificantes, com um total de aproximadamente 40 casais que, na sua maioria, se estabeleceram pela expansão das colónias do lado espanhol”, notou, em comunicado, José Pedro Tavares, o director da Vulture Conservation Foundation (VCF), a entidade que lidera o projecto. “Este processo de recolonização pode ser consolidado e acelerado e é o que faremos neste novo projeto!”

Foto: Bruno Berthemy/ Vulture Conservation Foundation

O LIFE Aegypius Return vai acontecer ao longo da fronteira portuguesa e espanhola. Estão previstas medidas para reduzir a perturbação das colónias, protegê-las de fogos florestais, para minimizar as ameaças de envenenamento, melhorar as condições do habitat de nidificação e de alimentação e ainda para capacitar agências e autoridades nacionais para a mitigação de ameaças e a conservação da espécie.

“Até 2027, o objetivo é duplicar a população nidificante de abutre-preto em Portugal para, pelo menos, 80 casais em cinco colónias, e baixar o estatuto nacional de ameaça da espécie de Criticamente em Perigo para Em Perigo”, explicou Milene Matos, coordenadora do projecto.

Foto: Bruno Berthemy/ Vulture Conservation Foundation

A equipa do projeto, lançado recentemente e com um orçamento de 3,7 milhões de euros, irá implementar acções de conservação em 10 sítios da Rede Natura 2000, ao longo de praticamente toda a fronteira entre Portugal e Espanha, desde Miranda do Douro ao Vale do Guadiana.

O LIFE Aegypius Return assenta na colaboração de nove parceiros e do envolvimento de autoridades nacionais, entidades ligadas à veterinária, agricultores e caçadores, entre outros.

O projeto já começou com uma reunião de arranque e uma apresentação pública no início de Novembro.

Foto: Bruno Berthemy/ Vulture Conservation Foundation

Graças a esforços de conservação no terreno, o abutre-preto recolonizou Portugal em 2010, quase quatro décadas após a sua extinção no país, e resultado da nidificação de algumas aves oriundas de Espanha. No entanto, lembram os responsáveis por este projecto, “a população portuguesa atual é ainda muito pequena e frágil, e um novo projeto LIFE vem assegurar o seu regresso”.

Actualmente os núcleos reprodutores da espécie localizam-se no Douro Internacional, Tejo Internacional, Vale do Guadiana (Herdade da Contenda) e na Reserva Natural da Malcata.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.