Golfinho-corcunda-do-Atlantico. Foto: CCAHD

Já pode saber tudo o que está a ser feito para conservar este golfinho

Mais de 50 peritos de vários países contam o que estão a fazer para travar a extinção do golfinho-corcunda do Atlântico num novo site. Restam menos de 3.000 indivíduos em todo o mundo.

O golfinho-corcunda-do-Atlântico (Sousa teuszii) é uma espécie classificada como Criticamente em Perigo a nível mundial, na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Hoje, estes golfinhos apenas ocorrem nas águas pouco profundas da costa atlântica tropical e subtropical de África. A sua presença está confirmada na costa de 13 países no ocidente de África, entre o Saara Ocidental, a Norte, e Angola, a Sul.

O Consórcio para a Conservação do Golfinho-corcunda-do-Atlântico (CCAHD, em inglês) – que reúne mais de 50 especialistas e mais de 40 organizações de investigação e conservação a nível internacional, entre eles o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c – criou um site para mostrar tudo o que está a ser feito por esta espécie.

O objectivo do site é alertar para a urgência da conservação do golfinho-corcunda-do-Atlântico.

“Com a criação desta página web pretendemos chamar a atenção para a necessidade premente de implementar medidas de conservação que protejam o golfinho-corcunda do Atlântico, antes que seja tarde demais”, comentou, em comunicado, Rita Amaral, investigadora do cE3c, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e uma das investigadoras que faz parte deste Consórcio.

“Em conjunto com a página web, a equipa de investigadores que faz parte do consórcio está a desenvolver planos de ação em várias vertentes, que vão desde a implementação de uma rede para recolha de amostras biológicas, a estudos genéticos e de ecologia”, acrescentou. 

O site, que continuará a ser atualizado, está disponível em Português, Inglês e Francês e disponibiliza informação clara e diversos recursos para sensibilizar para conservação desta espécie.

Além de disponibilizar informação sobre a distribuição, biologia, ecologia e ameaças a que está sujeito o golfinho-corcunda do Atlântico, o site disponibiliza também um mapa interativo que permite explorar o que se conhece sobre esta espécie e quem a estuda em cada um daqueles países.

Segundo os responsáveis, “é essencial o envolvimento das comunidades locais nos países onde ocorre esta espécie”.

Uma das audiências que se pretende alcançar são especialistas e interessados pelo tema. Para eles há literatura científica, relatórios e protocolos científicos.

Mas não só. São também disponibilizadas folhas para colorir para crianças em idade escolar, por exemplo, acompanhadas de curiosidades sobre esta espécie.

Estima-se que existam menos de 3.000 golfinhos-corcunda-do-Atlântico em todo o mundo. Esta situação levou organizações internacionais de conservação – incluindo a IUCN, a Convenção sobre as Espécies Migratórias e a Comissão Baleeira Internacional – a manifestar sérias preocupações sobre o futuro da espécie.

“Restritos a habitats de águas pouco profundas, que se sobrepõem às atividades humanas como a pesca e o desenvolvimento costeiro, pensa-se que os golfinhos-corcunda do Atlântico estejam em declínio em toda a sua área de distribuição”, segundo o comunicado enviado à Wilder.

O enredamento nas redes de pesca é a maior causa de mortalidade da espécie, embora a caça direta e a perda e degradação do habitat próximo da costa também contribuam para este declínio.

“Estamos extremamente satisfeitos por termos desempenhado um papel na concretização deste valioso recurso.  Esperamos que inspire um vasto leque de interessados, desde indivíduos a organizações não-governamentais, indústrias e Governos nos países onde estes golfinhos são encontrados, a aprender sobre a espécie e a trabalhar a partir do solo para a proteger”, refere Lorenzo von Fersen, do Jardim Zoológico de Nuremberga, instituição que faz parte deste Consórcio e que financia a página.

O Consórcio para a Conservação do golfinho-corcunda-do-Atlântico está também a finalizar um relatório que avalia as lacunas em termos de conhecimento, recursos e capacidades que estão a dificultar os esforços de conservação da espécie, fazendo recomendações para um conjunto de ações que podem ser implementadas.


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.