Baleia-de-bossa. Foto: Unsplash/Pixabay

Japão vai retomar caça comercial à baleia

O Japão anunciou que vai abandonar a Comissão Baleeira Internacional (CBI), organização que proíbe a caça comercial à baleia desde 1986.

 

Todos os anos, o Japão caça centenas de baleias em nome da “investigação científica”, uma excepção prevista na moratória da CBI à caça comercial, em vigor desde 1986.

Mas os ambientalistas consideram esta prática uma caça comercial disfarçada.

As autoridades nipónicas justificavam a necessidade de caçar baleias para fazer investigação científica mas não negavam o seu desejo de conseguir que a CBI, um dia, viesse a autorizar a caça comercial.

Como isso não aconteceu, o Japão anunciou ontem que vai abandonar a Comissão, da qual fez parte durante mais de 30 anos.

O porta-voz do Governo nipónico, Yoshihide Suga, fez o anúncio ontem em conferência de imprensa, salientando que durante três décadas o país tentou promover a caça sustentável à baleia mas que não conseguiu encontrar consensos com os países que se opõem à caça.

Suga explicou que a reunião anual da CBI de Setembro tornou claro que era impossível uma coexistência de países contra e a favor da caça à baleia naquela Comissão, noticiou a estação de televisão japonesa NHK.

O responsável revelou que o Japão vai retomar a caça comercial à baleia, a partir de Julho, mas apenas nas suas águas territoriais e na Zona Económica Exclusiva, deixando de caçar no oceano Antártico e em outras zonas do Hemisfério do Sul.

A quota anual de baleias a caçar será determinada com base no mesmo método da CBI, acrescentou o responsável.

Nos últimos 20 anos, o Japão tem proposto aos Estados membros da CBI a retoma da caça comercial à baleia, alegando que as populações destes cetáceos têm vindo a recuperar. Mas a proposta tem sido bloqueada.

Segundo a NHK, a saída do Japão da CBI terá efeitos a partir de 30 de Junho de 2019, uma vez que já notificou o Governo norte-americano, país responsável por aceitar as candidaturas para acesso ou saída da CBI.

A organização ecologista Greenpeace reagiu ao anúncio do Governo japonês condenando a saída da CBI. “A declaração não está em linha com a comunidade internacional e muito menos com a necessidade de preservarmos o futuro dos nossos oceanos e destas criaturas fantásticas”, comentou, em comunicado, Sam Annesley, director da Greenpeace Japão. “O Governo do Japão deve agir, urgentemente, para conservar os ecossistemas marinhos, em vez de retomar a caça comercial à baleia”, acrescentou.

Annesley receia que, com as modernas tecnologias, a frota baleeira nipónica leve ao esgotamento de muitas espécies de baleias. “A maioria das populações de baleias ainda não recuperaram, incluindo as maiores baleias como a baleia-azul, a baleia-comum e a baleia-boreal.”

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.