Jardim Botânico do Palácio de Queluz vence prémio europeu

O trabalho de reabilitação do Jardim Botânico do Palácio de Queluz foi um dos vencedores dos Prémios Europa Nostra 2018, galardão da União Europeia para o património, foi hoje relevado.

 

Um total de 160 candidaturas, apresentadas por organizações e particulares de mais de 30 países, foram avaliadas por júris de especialistas independentes.

A reabilitação do Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz está entre os 11 vencedores na categoria “Conservação”.

Durante anos, aquele Jardim Botânico esteve abandonado, depois foi roseiral e picadeiro. Passados cinco anos de restauro, foi inaugurado a 5 de Junho de 2017 com quase 150 espécies botânicas diferentes. O jardim botânico tem 2.710 metros quadrados e 144 espécies e foi recuperado com o objectivo de restituir o jardim que ali existia em 1865, segundo um comunicado da Parques de Sintra, entidade que gere o Palácio Nacional de Queluz.

 

Foto: Luis Duarte/PSML

 

Graças à documentação de arquivo e a sondagens arqueológicas foi possível saber como era aquele jardim no século XVIII, desde as estufas, ao lago central, às estátuas e às espécies botânicas.

A intervenção, num valor de 815 mil euros, repôs as quatro estufas, restaurou as balaustradas que delimitam os diferentes espaços do Jardim, os alegretes e respectivos bancos e painéis de azulejos, as cantarias do lago central e a estatuária.

As plantas do Jardim foram selecionadas com base no Index de Manuel de Moraes Soares, que lista as 198 espécies ali existentes no ano de 1789. A partir dessa lista foram contactadas várias instituições a nível mundial que forneceram plantas e sementes.

Além do Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz, os Prémios Nostra 2018 distinguiram outros projectos, como a reabilitação de uma igreja bizantina na Grécia, um novo método de conservação das casas históricas da Europa, o trabalho de ONG para a protecção de Veneza e um programa que dá às crianças e jovens na Finlândia a possibilidade de beneficiarem da sua herança cultural.

Além da categoria “Conservação”, estiveram a concurso projectos para outras categorias, desde a Investigação à Educação e Sensibilização. Ao todo foram 29 os vencedores de 17 países.

Os Prémios serão entregues numa cerimónia a 22 de Junho em Berlim (Alemanha), durante a primeira Cimeira Europeia do Património Cultural.

Os cidadãos europeus, bem como o resto do mundo, podem votar online para o Prémio da Escolha do Público, mobilizando assim apoios para os projetos do seu próprio país ou de outro país da Europa.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.