Oceanos. Foto: Mobibit/Pixabay

Lançada campanha para proteger biodiversidade da ilha de Porto Santo

A campanha “Porto Santo Sem Lixo Marinho” apela a residentes e visitantes para reduzir os resíduos plásticos e ajudar a proteger as espécies selvagens marinhas.

A campanha foi lançada a 28 de Julho, Dia Nacional da Conservação da Natureza, e tem como mascotes o João (uma foca-monge) e o Tristão (uma tartaruga-comum). Estes vão sensibilizar turistas e residentes para a urgência de livrar a natureza dos resíduos de plástico que causam estragos à vida marinha e poluem as praias locais.

O João e o Tristão foram ontem apresentados ao público através das redes sociais e de Muppis espalhados pela ilha.

“Todos os anos, oito milhões de toneladas de resíduos plásticos gerados em terra chegam ao oceano, causando danos irreparáveis à fauna e à flora marinha”, lembrou, em comunicado, Ângela Morgado, Diretora Executiva da ANP|WWF, representante do projecto. 

Um estudo no sul de Portugal observou plásticos nos tratos gastrointestinais de 22,5% das 160 aves marinhas analisadas, acrescentou.  

Por isso, a campanha quer “sensibilizar todas as pessoas na ilha para a necessidade de pensarem no que trazem, consomem e no que descartam na ilha. O impacto deste tipo de resíduos duradouros é enorme aqui, e o potencial de acumulação representa um problema que não depende apenas das autoridades para a sua resolução – cabe a todos nós fazer parte do processo de gestão de resíduos, através de uma redução na utilização de descartáveis, uma aposta nos materiais reutilizáveis, na na reciclagem”, comentou a responsável. 

A campanha, desenvolvida pela agência NOSSA, faz parte de um projecto mais amplo que começou há ano e meio. O objectivo é informar e estimular a mudança de hábitos das pessoas, para que protejam a natureza e biodiversidade da ilha, atualmente Reserva da Biosfera da UNESCO.

Ao longo do último ano, foi feito o levantamento de dados e amostragem do Plano de Gestão Comunitário e Processo Participativo e várias iniciativas de recolha de lixo nas praias do Porto Santo.

Recentemente, foi criada a aplicação Beached Litter Reporter. Esta aplicação para Android foi especificamente desenhada para incentivar as comunidades a disponibilizarem dados relevantes, ao mesmo tempo que ganham mais consciência sobre o problema do lixo marinho, combinando envolvimento dos cidadãos e tecnologia moderna para ajudar no combate ao lixo marinho. A aplicação utiliza uma lista harmonizada de itens acordados nas diretivas da OSPAR.

Em Junho – num evento que juntou entidades como a Câmara Municipal do Porto Santo, a Secretaria Regional de Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas e a embaixada da Noruega – foram apresentados os resultados da primeira fase do projeto e entregue o selo “Porto Santo Sem Lixo Marinho” aos estabelecimentos aderentes, juntamente com a assinatura de compromissos pelas entidades presentes. 

Os critérios deste selo foram definidos com base em vários momentos participativos que têm vindo a ser realizados desde Janeiro de 2021 junto de entidades públicas e privadas, através de um inquérito e de workshops participativos. No evento do dia 23 de junho, foram assinados compromissos com as primeiras empresas. Mas a adesão poderá ser feita em qualquer momento, ao longo do ano de 2021. Os interessados podem aceder a mais informações aqui.

O projeto é financiado pelo Programa Ambiente dos EEA Grants e reúne como parceiros a Associação Natureza Portugal, em associação com a WWF, a AIDGLOBAL, a Água e Resíduos da Madeira, a Câmara Municipal do Porto Santo e a ARDITI, este conta ainda com o apoio da WWF Noruega e da Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas.

O #portosantosemlixomarinho conta ainda com o apoio de vários parceiros, como a ANA Aeroportos, a Porto Santo Line e hotéis locais. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.