Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

Libertado um lince-ibérico em Doñana para reforço genético da população

Opilano foi libertado hoje em Doñana com o objectivo de fazer um reforço genético da população de Doñana-Aljarafe, revelou a Junta da Andaluzia.

 

Este é um lince que já tinha sido libertado em Maio em Villafranca de Córdoba “mas não se adaptou bem ao território”, razão pela qual foi decidido “capturá-lo e levá-lo para outro local”, explica a Junta da Andaluzia, em comunicado.

“O reforço genético é um elemento na protecção e conservação do lince-ibérico”, comentou José Fiscal, conselheiro de Ambiente e Ordenamento do Território daquela Junta.

Em 2016, uma equipa de 50 cientistas conseguiu sequenciar o genoma do lince-ibérico (Lynx pardinus) e descobriu que o felino tem uma das menores diversidades genéticas do mundo.

Há milhares de anos que o ADN do lince-ibérico está a empobrecer. Os investigadores acreditam que esta erosão genética foi causada por uma série de três episódios de declínios severos nas populações de lince na Europa, mesmo anteriores ao conhecido declínio demográfico do século XX.

Segundo o estudo, a população de Doñana, isolada pelo menos desde a década de 50 do século XX, é a mais grave. Ali, os animais têm metade da diversidade genética dos animais que vivem na Serra Morena.

Perante este cenário de fragilidade, os investigadores salientaram que os actuais esforços de conservação – tanto no programa ex situ (em cativeiro) como no programa in situ (melhoria do habitat) – “estão a responder às ameaças”, através da troca de animais entre populações e da “gestão genética da reprodução em cativeiro, das translocações e das reintroduções”. Estas medidas terão contribuído para uma “modesta melhoria” do estado genético do lince.

Hoje existem 593 linces-ibéricos em Portugal e Espanha, 448 dos quais na Andaluzia.

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.