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Ribeira. Foto: Helena Geraldes (arquivo)

Libertados mais de 300 bogas e ruivacos em Mafra e Monchique

A ribeira de Odelouca (Monchique) e o rio Safarujo (Mafra) têm hoje mais peixes. Estas populações de espécies Criticamente Em Perigo receberam um reforço de 356 animais a 12 e 17 de Abril.

 

No dia 12 de Abril foram libertados na ribeira de Odelouca (Monchique) 256 bogas do Sudoeste (Iberochondrostoma almacai) nascidas no Aquário Vasco da Gama em 2016 e descendentes de exemplares capturados no mesmo rio.

Esta é uma espécie classificada como Criticamente Em Perigo e apenas existe em Portugal, mais concretamente nas bacias hidrográficas dos rios Mira (que nasce na Serra do Caldeirão e desagua no mar junto a Vila Nova de Milfontes) e Arade (que nasce na serra do Caldeirão e desagua no mar em Portimão). Segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, a boga do Sudoeste está ameaçada pelas albufeiras Arade e Funcho que “terão causado uma perda importante da área de ocupação disponível para a espécie”.

No ano passado, mais concretamente a 27 de Abril, foram libertadas 500 bogas do Sudoeste naquela mesma ribeira.

Agora, a população recebeu mais 256 peixes. “Estes exemplares encontravam-se no mesmo tanque de reprodução do grupo de bogas do sudoeste que foi libertado no ano passado mas ficaram retidos para crescimento porque apresentavam um reduzido tamanho corporal (<4cm) que os tornava vulneráveis ao transporte”, explica um comunicado do Aquário Vasco da Gama.  

Hoje ocorreu uma nova libertação, desta vez com 100 ruivacos do Oeste (Achondrostoma occidentale) no rio Safarujo (nasce na Malveira e desagua no mar na Praia de São Lourenço em Ribamar).

Esta é uma espécie Criticamente Em Perigo e apenas existe em Portugal, onde vive nos rios Safarujo, Alcabrichel e Sizandro.

Os 100 ruivacos nasceram em 2016 e 2017 também no Aquário Vasco da Gama e são descendentes de exemplares capturados no mesmo rio.

Esta libertação contou com a participação da escola básica local no âmbito de um projeto de conservação e educação financiado pela European Union of Aquarium Curators.

Estas libertações, autorizadas pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), fazem parte do projeto “Conservação ex situ de organismos fluviais”, que reúne o Aquário Vasco da Gama, o MARE-ISPA, a Quercus e a Faculdade de Medicina Veterinária. O grande objectivo é reproduzir e manter espécies ameaçadas de água doce da fauna e flora portuguesas, para posterior libertação.

“É uma forma de proteger as espécies consideradas criticamente em perigo, devido à redução das populações no meio natural, provocada por vários fatores: descargas de poluentes, ocorrência cada vez mais frequente de verões prolongados e secos, destruição da vegetação das margens e proliferação de espécies invasoras vegetais e animais”, explica o comunicado.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.