Líder na conservação dos elefantes abatido a tiro na Tanzânia

Wayne Lotter, de 51 anos, responsável por uma organização não governamental conservacionista que dedicou a vida a lutar contra o tráfico de espécies selvagens e à conservação dos elefantes foi abatido a tiro na semana passada na Tanzânia.

 

Lotter foi baleado mortalmente na noite da quarta-feira passada na cidade de Dar es Salaam quando seguia de táxi do aeroporto para o seu hotel. Dois homens num automóvel obrigaram o táxi a parar e dispararam sobre Lotter.

 

Wayne Lotter. Foto: PAMS Foundation

 

Wayne Lotter foi guarda da natureza na África do Sul e depois dedicou-se a combater a caça ilegal, especialmente de elefantes, na Tanzânia. Desde há vários anos que recebia ameaças de morte, por causa do seu trabalho.

Segundo o jornal The Guardian, a polícia da Tanzânia tem a decorrer uma investigação sobre o assassinato de Lotter.

Wayne Lotter era director e co-fundador da Fundação PAMS, uma organização não governamental criada em 2009 que apoia várias comunidades e Governos em África relativamente à conservação e luta contra caça ilegal. A Unidade de Investigação nacional da Tanzânia dedicada ao combate à caça ilegal é uma das instituições com as quais a fundação trabalha. Desde 2012, esta unidade já deteve mais de 2.000 caçadores e traficantes, como Yang Feng Glan, chamada “Queen of Ivory”.

As reações à sua morte não se fizeram esperar. Jane Goodall, conhecida primatóloga e defensora da vida selvagem, disse estar “profundamente chocada” com a morte de Lotter. “Wayne era um herói para mim, um herói para tantas pessoas, alguém que dedicou a sua vida a proteger a vida selvagem de África”, escreveu, em comunicado. Goodall salienta que Lotter “acreditava apaixonadamente na importância de envolver as comunidades locais na protecção da vida selvagem” e que se sentia inspirada pela sua “determinação em continuar a trabalhar apesar das ameaças pessoais”.

“Wayne era um dos maiores e mais dedicados conservacionistas de África”, disse Azzedine Downes, CEO do IFAW (International Fund for Animal Welfare). “Tinha 20 anos de experiência em gestão e conservação da vida selvagem e pode ser considerado a força motriz por detrás do fim do abate sem escrúpulos dos elefantes da Tanzânia”, acrescentou.

O ministro dos Recursos Naturais e do Turismo, Jumanne Maghembe, disse, na semana passada, que o Governo da Tanzânia está chocado e triste com a morte de Lotter, de acordo com o site de notícias Allafrica.com.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.