Lince-ibérico: centros de reprodução ibéricos conseguiram 40 crias em 2021

Em 2021, os 28 casais de linces-ibéricos estabelecidos nos cinco centros que reproduzem esta espécie Em Perigo conseguiram um total de 40 crias, foi revelado este mês. Em Portugal há hoje oito crias.

O esforço conservacionista para reforçar as populações selvagens com animais nascidos em cativeiro continua.

Em 2021, na passada temporada de reprodução, estabeleceu-se um total de 28 casais nos cinco centros de reprodução.

Nasceram 50 crias mas apenas sobreviveram 40: 22 machos e 18 fêmeas, informa o Programa de Conservação Ex-situ dedicado ao Lince-Ibérico (Lynx pardinus), a 3 de Março passado.

Crias de lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-situ

No Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI), em Silves, o casal Juromenha e Juncabalejo teve três crias, a 27 de Fevereiro de 2021: dois machos e uma fêmea; Jabaluna e Hermes tiveram, a 12 de Março desse ano três crias: dois machos e uma fêmea; Fresa e Drago tiveram, a 20 de Março, duas crias, duas fêmeas. Juncia e Era não ficaram gestantes.

“Esta quantidade final de crias produzidas coincide com as quantidades estimadas no início da temporada, quando se definiram os diferentes emparelhamentos que se deveriam levar a cabo para satisfazer as necessidades dos programas de conservação in-situ e ex-situ para esta espécie”, explica o Programa, em comunicado.

As causas da morte das 10 crias falecidas foram um aborto prematuro de três crias da fêmea Oleander; duas baixas perinatais nas ninhadas de Mina e Guara; duas baixas por abandono materno de uma fêmea primeiriça, Playa; uma baixa durante o período de desmame na ninhada de Fárfara e duas baixas relacionadas com o período crítico de lutas de crias na ninhada de Mina. A acrescentar a estas baixas, duas fêmeas, Parra e Cynara, abortaram durante a fase de gestação mas não se detetou nenhuma cria nascida.

Nesta temporada cabe salientar a história da fêmea Coscoja, em La Olivilla que, com 15 anos de idade, conseguiu gerar e criar uma cria. É a primeira vez que no âmbito do programa de reprodução em cativeiro, uma fêmea com esta idade produz descendência viável e consegue cuidar da mesma, do que resulta informação muito valiosa para a gestão genética do programa.

Lince-ibérico, cria. Foto: Programa Ex-situ (arquivo)

A época dos nascimentos nos centros de reprodução em cativeiro é o culminar de um ano de trabalho para as equipas que garantem o funcionamento dos centros e para os voluntários. O grande objectivo é conseguir crias saudáveis, treiná-las para a liberdade e, meses depois, soltá-las na natureza, para que novas populações de linces voltem aos territórios de onde se extinguiram há décadas.

A maioria das crias serão preparadas para serem libertadas na natureza e as restantes ficarão no programa para manterem a diversidade genética.

No CNRLI já nasceram um total de 144 crias, das quais sobreviveram 109. Destas, 94 já foram libertadas na natureza em Portugal (17 animais) e em Espanha (31 em Castela-La Mancha, 25 na Andaluzia e 21 na Extremadura). Os restantes 15 linces nascidos no CNRLI permanecem no programa Ex-situ, como progenitores, por causa da sua mais valia genética.

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.