Condor-dos-Andes. Foto: unhappy by design/Wiki Commons

Lista Vermelha: O majestoso condor-dos-Andes está ameaçado de extinção

Esta espécie emblemática é uma das maiores aves voadoras do mundo, com uma envergadura de asas que ultrapassa os três metros.

Na revisão anual das aves que fazem parte da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), pela qual é responsável a Birdlife International, o condor dos Andes (Vultur gryphus) passou a fazer parte das espécies ameaçadas.

A Lista Vermelha da UICN agrupa hoje 128.918 espécies de todo o mundo, com os respectivos estatutos de conservação. No caso do condor dos Andes, que estava Quase Ameaçado, passou a ser considerado Vulnerável à extinção, anunciou a Birdlife.

Esta ave necrófaga majestosa consegue voar a altitudes de 6.500 metros, sobre as montanhas dos Andes, e tem uma esperança de vida natural que chega aos 70 anos.

Foto: Alastair Rae/Wiki Commons

No entanto, tem sido vítima de perseguição e de envenenamento, o que tem levado a “rápidos declínios populacionais nos anos mais recentes”, avisa a organização não governamental (ONG). “É propositadamente morto ou alvo de iscos envenenados em retaliação por ataques extremamente infrequentes ao gado. E pode morrer do chumbo de munições contido em carcaças.”

“O condor-dos-Andes foi ‘construído para durar’, mas os humanos estão a arruinar a sua estratégia de vida natural, ‘viva devagar, morra velho’, causando altas taxas de mortalidade das quais é difícil recuperar”, afirma Ian Davidson, director regional da Birdlife para as Américas. Esta ave de rapina está presente na tradição oral dos Andes pelo menos desde 2.500 a.C.

Para já estão em curso algumas acções de conservação, incluindo programas de reprodução em cativeiro, educação comunitária e restauração de habitats. Em 2014, por exemplo, foi criada a Reserva Biológica de Antisanilla, no centro do Equador, para proteger um dos locais mais importantes de nidificação deste condor.

Foto: Skippercba/Wiki Commons

Ainda assim, “a reclassificação da espécie como globalmente Vulnerável sublinha a necessidade de aumentar o esforço de conservação e colaborar com os governos para reforçar as leis contra o envenenamento”, indica a Birdlife.

Boas notícias para o milhafre-real

Já o milhafre-real (Milvus milvus) demonstra que os esforços de conservação têm resultados no terreno, nota a ONG. Até agora, esta ave de rapina estava classificada como Quase Ameaçada a nível global, devido a envenenamento por pesticidas, perseguição e mudanças no uso de terras nos territórios europeus onde habita – que incluem Portugal.

Milhafre-real. Foto: Hansueli Krapf/Wiki Commons

Mas agora, ajudado por projectos de reintrodução em grande escala e acções de educação comunitária, este milhafre está a recuperar de declínios anteriores e continua a expandir-se.

Como resultado, a espécie passou a estar classificada como Pouco Preocupante, a categoria mais baixa entre aquelas que medem o risco de extinção. Ainda assim, “envenenamento e perseguição são ainda obstáculos para a recuperação total do milhafre-.real nalgumas áreas, pelo que ainda há muito trabalho a fazer”, afirma a Birdlife.


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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.