Foto: Virvoreanu Laurentius/Pixabay

Macron anuncia medidas para conservar a biodiversidade


O anúncio foi feito depois da publicação de um relatório da ONU que alerta para a ameaça de extinção para um milhão de espécies de animais e de plantas.

Depois do alarmante relatório dos peritos da ONU, o Presidente francês Emmanuel Macron anunciou hoje que o seu Governo vai trabalhar numa série de medidas para proteger a biodiversidade.

O Presidente francês anunciou querer aumentar as áreas marinhas e terrestres protegidas a 30% do território até 2022 (contra os actuais 20%).

Além disso, vai tomar medidas fiscais e orçamentais para ajudar a biodiversidade, disse aos jornalistas, segundo a agência Reuters.

Acrescentou que quer que a União Europeia incentive o financiamento de uma agricultura sustentável na próxima ronda da Política Agrícola Comum (PAC).  Macron adiantou que vai levar esta questão à próxima reunião do G7, que a França vai organizar este ano.

Macron fez este anúncio depois de um encontro de uma hora com cientistas do Painel Intergovernamental para a Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES, sigla em inglês), entidade responsável pelo relatório divulgado hoje e que reúne 130 países, incluindo os Estados Unidos, a Rússia e a China.

O relatório do IPBES alerta que um milhão de espécies de animais e de plantas – uma em cada oito – arriscam-se a desaparecer em breve da superfície da Terra ou dos oceanos, por causa das actividades humanas.

“Esta é a primeira vez que, com base nos melhores dados científicos, nos deram os factos cruéis e que apelam à acção”, declarou o chefe de Estado, citou o jornal Le Monde. “O que está em jogo é a possibilidade de termos uma Terra habitável”, acrescentou.

“A biodiversidade é um tema tão importante quanto as alterações climáticas e não poderemos ganhar esta batalha sem trabalharmos em todas as frentes”, acrescentou.

Macron pediu também uma “alteração nos modelos de produção” e garantiu que, por exemplo, a França vai pôr fim ao uso de glifosato em três anos. Reafirmou ainda o objectivo de reduzir os fitossanitários em 50% no país até 2025.

Poucas horas antes do seu discurso, os ministros do Ambiente do G7 (França, Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Itália, Japão e Reino Unido) adoptaram uma carta, não vinculativa, para salvar a biodiversidade. O documento, aprovado durante uma reunião em Metz, França, servirá de base às políticas públicas, explicou a secretaria de Estado francesa para a transição ecológica, Brune Poirson.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.