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Foto: Joana Bourgard

Mais de 150 países reunidos na Polónia para decidir como travar alterações climáticas

Começaram ontem em Katowice, na Polónia, os trabalhos da 24ª Conferência das Partes (COP24) da Convenção das Nações Unidas para as Alterações climáticas. António Guterres disse que o mundo não pode falhar.

 

“Estamos com um profundo problema”, disse António Guterres, secretário-geral da ONU ontem na cerimónia de abertura da COP24, perante 150 líderes mundiais.

 

António Guterres na cerimónia de abertura da COP24. Foto: ONU

 

Apesar de estarmos a assistir aos “devastadores impactos climáticos”, que causam destruição por todo o mundo, “ainda não estamos a fazer o suficiente, não estamos a ser rápidos o suficiente, para evitar uma disrupção climática catastrófica e irreversível”, disse, citado num comunicado oficial.

Na mesma cerimónia, o naturalista britânico Sir David Attenborough partilhou as mesmas ideias, dizendo que as alterações climáticas são a maior ameaça à Humanidade nos últimos milhares de anos. Podem mesmo levar ao colapso das civilizações e à extinção de “muito do mundo natural”, citou a BBC News.

“Neste preciso momento, enfrentamos um desastre à escala global, causado pelo homem.”

Esta COP24, que durará duas semanas, marca o final do prazo para as 197 partes que assinaram a Convenção adoptarem as orientações gerais para a implementação do histórico Acordo de Paris, de 2015.

Na capital francesa, há três anos, os países concordaram em manter o aumento global da temperatura em não mais de 2ºC, em relação aos níveis pré-Revolução Industrial. Se possível, limitar esse aumento em 1,5ºC. Agora, na Polónia, esses países têm de concordar em como o vão conseguir. “Não podemos falhar”, disse António Guterres.

O secretário-geral da ONU deixou às centenas de representantes de países, organizações não governamentais, empresas e agências da ONU quatro mensagens principais: “precisamos de mais acção e mais ambição”, precisamos “chegar a acordo em relação a um plano sólido”, de “mais financiamento” e de “investimentos inteligentes no futuro do planeta”.

E não deixou de salientar que as alterações climáticas já são “uma questão de vida ou morte” para muitas pessoas e países.

Guterres pediu à comunidade internacional para se esforçar para garantir que as emissões diminuam em 45%, em relação aos níveis de 2010, até 2030.

“Se falharmos, o Árctico e a Antárctica vão continuar a derreter, os corais vão sofrer com o branqueamento e depois morrer, a água dos oceanos vai subir, mais pessoas vão morrer de poluição do ar, a falta de água vai afectar grande parte da humanidade e os custos dos desastres vão subir exponencialmente”, alertou.

Na cerimónia de abertura, a directora-executiva do Banco Mundial, a búlgara Kristalina Georgiewa, anunciou que o Banco Mundial vai duplicar os seus investimentos para apoiar iniciativas climáticas.

O evento terminou com a mensagem deixada por Sir David Attenborough, que nesta COP24 irá ser a ligação entre a sociedade e os decisores políticos. “As pessoas de todo o mundo falaram. A sua mensagem é clara. O tempo está a esgotar-se. Elas querem que vocês, os decisores políticos, actuem agora.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.