Mais de 50.000 pessoas visitaram estas duas alcateias de lobo-ibérico

As duas alcateias de lobo-ibérico (Canis lupus signatus) que vivem em semi-liberdade no Centro do Lobo Ibérico de Castela e Leão, na província espanhola de Zamora, foram visitadas por 51.000 pessoas desde que o centro abriu, há 20 meses.

 

O centro, localizado em Robledo (Zamora), foi criado a 19 de Outubro de 2015 para sensibilizar a sociedade para a função do lobo enquanto regulador dos ecossistemas. “Queremos que as pessoas entendam que não é um animal perigoso, que conheçam e respeitem esta espécie”, explicou ontem à agência espanhola EFE Manuel Requejo, técnico daquele centro.

 

Foto: Rastrojo/Wiki Commons

 

Os visitantes têm três observatórios onde podem tentar ver os lobos deste centro, que já não podem viver em liberdade. A maioria nasceu em cativeiro e foi cedida por parques de natureza; outros foram resgatados e recuperados. Os animais estão organizados em duas alcateias, com os lobos alfa Saurón e Atila. No ano passado nasceu o primeiro lobo no centro, Robledo, filho de Atila e Dakota. Robledo não pôde ser libertado na natureza por causa de uma malformação.

Existem recintos vedados (de três hectares cada um) – onde os lobos podem viver em regime de semi-liberdade, com acesso a zonas de refúgio, charcas e vegetação natural -, um centro de interpretação, três observatórios, percursos pedestres marcados, infra-estruturas de maneio e controlo veterinário e um sistema de videovigilância para garantir o bem-estar dos animais.

Nos 20 meses de funcionamento, o centro tem divulgado o papel do lobo na natureza, como animal predador e que se alimenta de carcaças de animais mortos e que ajuda a manter controladas as populações de raposas e de herbívoros.

Manuel Requejo salientou que os ataques de lobos ao gado não acontecem em zonas habituadas a conviver historicamente com este carnívoro, como o comprova o facto de uma exploração com 1.500 ovelhas perto do centro nunca ter sofrido ataques. Esta convivência é possível porque, acrescentou, o proprietário da exploração investiu na prevenção e tem 13 cães que protegem o gado.

Requejo lembrou ainda à EFE que o lobo, ao alimentar-se de animais mortos e ao atacar animais mais fracos, o lobo ajuda a travar doenças como a mixomatose dos coelhos-bravos, por exemplo.

Em Portugal existe desde 1987 o Centro de Recuperação do Lobo Ibérico (CRLI), criado com o objectivo de providenciar um ambiente, em cativeiro, adequado para lobos que não possam viver em liberdade. Pode ler mais sobre ele aqui.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.