Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

Mais um lince-ibérico atropelado nas estradas portuguesas

Um jovem macho foi encontrado atropelado na EN 122, que liga Beja a Mértola, a 2 de Maio. Olmo não conseguiu sobreviver aos ferimentos e acabou por morrer no mesmo dia, avança o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

 

Segundo o instituto, o jovem lince, encontrado ferido na faixa de rodagem por Pedro Simões, residente e proprietário de um restaurante em Mértola. Este deu, de imediato, sinal da ocorrência ao SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza da GNR) e “permaneceu junto ao animal que, entretanto, se tinha deslocado até uma zona de mato adjacente à estrada”.

A equipa de seguimento do ICNF deslocou-se ao local e capturou o animal, com o apoio do SEPNA. Olmo foi transportado para uma clínica veterinária especializada em intervenções ortopédicas, o Centro de Cirurgia Veterinária de Loures, onde foi sujeito a uma intervenção cirúrgica.

Ainda assim, “Olmo acabou por morrer durante a operação, apresentando também lesões no fígado e baço provocadas pelo embate, conforme confirmado na análise post mortem realizada na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa.”

Olmo era um dos linces-ibéricos que vivia no Parque Natural do Vale do Guadiana. Nascido a 9 de Março de 2017 no Centro de Reprodução de Granadilla, em Espanha, foi libertado perto de Mértola a 15 de Fevereiro deste ano. Seria um dos linces do projecto LIFE “Recuperação da Distribuição Histórica do Lince Ibérico (Lynx pardinus) em Espanha e Portugal e iria ajudar a reforçar as populações selvagens.

Este é o quinto lince-ibérico a morrer atropelado em Portugal desde o início das reintroduções, em 2015, sendo que apenas três dos animais tinham sido libertados no Guadiana.

Um foi o lince Hongo, um macho de quatro anos, encontrado morto, por atropelamento, na A23 perto de Vila Nova da Barquinha (Santarém) a 22 de Outubro de 2015.

Cerca de um ano depois, o ICNF dava conta da morte de Kentaro, lince com três anos, atropelado a 15 de Outubro  de 2016 numa estrada do concelho da Maia.

A 17 de Maio de 2017, o macho de apenas um ano de idade, Neco, morreu atropelado na estrada municipal entre Mértola e Corte Gafo de Cima, apenas horas depois de ter sido libertado no Vale do Guadiana.

Em Abril deste ano foi a vez da fêmea Niassa. Este lince, com dois anos de idade, foi encontrada morta atropelada na A22, a auto-estrada que atravessa o Algarve.

Actualmente estima-se que vivam em Portugal 41 linces. Destes, 27 foram reintroduzidos ao longo dos últimos quatro anos. Segundo o ICNF, “a taxa de sobrevivência na reintrodução do projeto Life+ Iberlince em Portugal está estimada em 70%”.

O lince-ibérico (Lynx pardinus) é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez. Saiba o que fazer quando vir um lince.

Ver linces-ibéricos em Portugal já não é assim tão impossível. É preciso estar preparado. Saiba que há mais hipóteses de os encontrar durante os períodos crepusculares (ao amanhecer e ao anoitecer), já que é quando os animais estão mais activos.

Se vir um lince deve ter atenção à cor da coleira, já que cada animal reintroduzido traz uma coleira emissora de cor diferente. Depois, o Parque Natural do Vale do Guadiana agradece o seu contacto para:

Telefone: 286.612.016

Email: [email protected]

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.