Rinoceronte-de-Samatra. Foto: Cyril Ruoso/Save the Rhino

Morreu Iman, o último rinoceronte-de-Samatra da Malásia

O último rinoceronte-de-Samatra da Malásia, a fêmea Iman, morreu no sábado. Agora a espécie apenas existe num país, Indonésia, restando menos de 80 animais.

Tempos houve em que esta espécie de rinoceronte, o rinoceronte-de-Samatra (Dicerorhinus sumatrensis) vivia por toda a Ásia. É uma das cinco espécies de rinocerontes do planeta e é a mais pequena.

Hoje, deu mais um passo na direcção da extinção.

Iman tinha 25 anos e morreu de cancro no útero na reserva para a vida selvagem onde vivia desde 2014, no estado de Sabah, na ilha do Bornéu, noticiou a agência de notícias Reuters.

“A morte de Iman chegou mais cedo do que estávamos à espera, mas sabíamos que ela estava a começar a sofrer, com dores significativas”, disse Augustine Tuuga, director do Departamento de Vida Selvagem de Sabah, citado por aquela agência. 

O rinoceronte-de-Samatra foi declarado extinto na natureza na Malásia em 2015. O último macho da espécie, Tam, morreu há apenas uns meses, em Maio passado. Tinha cerca de 30 anos de idade e morreu de velhice no Santuário para Rinocerontes na Reserva de Vida Selvagem Tabin, na região malaia da ilha do Bornéu.

O Governo da Malásia tentava, desde 2011, reproduzir a espécie em cativeiro através da Fertilização In Vitro, mas sem sucesso.

Iman ficou, então, com o peso de ser o último rinoceronte-de-Samatra da Malásia.

“A morte de Iman, o último rinoceronte-de-Samatra conhecido para a Malásia, é um marco trágico para esta espécie”, comentou Jon Paul Rodriguez, coordenador da Comissão para a Sobrevivência das Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Jon Paul Rodriguez sublinhou que, com menos de 80 rinocerontes-de-Samatra no planeta, “a última esperança da espécie está na Indonésia”.

“A morte de Iman dá provas da urgência dos esforços da comunidade mundial para salvar o rinoceronte-de-Samatra da extinção.”

A UICN está a apoiar o Plano de Acção de Emergência que está a ser concretizado na Indonésia para tentar travar o desaparecimento da espécie.

O rinoceronte-de-Samatra está classificado pela União Internacional de Conservação da Natureza como Criticamente em Perigo de extinção.

Esta é uma das cinco espécies de rinocerontes do planeta. É a mais pequena de todas, com os seus um metro a um metro e meio de altura. Pode pesar entre 500 e 960 quilos. A esperança média de vida na natureza é entre 30 e 45 anos. 

Esta espécie é considerada a mais “primitiva” de todas as cinco espécies de rinocerontes e será o parente vivo mais próximo dos famosos rinocerontes lanudos que viveram na Europa e na Ásia durante a Idade do Gelo.

Mas, vítima de décadas de desflorestação, perda de habitat e caça furtiva, o rinoceronte-de-samarra tem hoje uma população inferior a 80 animais em todo o mundo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.