Crias de visão-europeu. Foto: FIEB

Nasceram os primeiros visões-europeus de 2021 em centro de reprodução espanhol

O anúncio foi feito a 31 de Maio. Nasceram as primeiras crias de visão-europeu (Mustela lutreola) de 2021 no Centro de Reprodução em Cativeiro e Estudo do Visão Europeu, em Casarrubios del Monte, em Toledo (Castela-La Mancha).

A 29 de Maio “foi um dia muito emocionante” no centro Fundação para a Investigação em Etologia e Biodiversidade (FIEB). “Fizemos os exames veterinários às primeiras crias de visão-europeu nascidas nesta temporada de 2021”, segundo um comunicado da fundação.

Pinilla, mãe primeiriza e nascida naquele centro em 2020, deu à luz três crias (dois machos e uma fêmea). Llorente, o pai, é um macho vindo da natureza que chegou ao centro no Outono de 2019.

Os exames veterinários realizados naquele centro seguem as indicações do Programa de Conservação ex-situdo Visão Europeu, coordenado pelo Grupo de Trabalho do Visão Europeu. “Durante estas avaliações comprova-se que os animais estão em perfeito estado de saúde, determina-se o sexo e devolvem-se as crias às mães o mais rapidamente possível. 15 dias depois voltam a ser feitos exames para comprovar o estado de saúde das crias e para lhes colocarmos um microship que permitirá identificá-las no momento de serem libertadas na natureza.”

O Centro de Reprodução em Cativeiro e Estudo do Visão Europeu está a funcionar desde 2015. Ali já nasceram 69 visões europeus. Destes, 20 foram libertados na natureza para aumentar a população selvagem. “Com menos de 500 indivíduos em Espanha, é fundamental trabalhar na reprodução em cativeiro desta espécie que travar o seu desaparecimento.”

Crias de visão-europeu. Foto: FIEB

O visão-europeu é um carnívoro que vive nos lagos e rios com água de boa qualidade e vegetação ribeirinha densa. Os machos pesam entre 700 e 1.100 gramas e medem cerca de 60 centímetros, enquanto as fêmeas pesam entre 400 e 650 gramas e medem entre 44 e 52 centímetros.

Esta é uma das espécies de mamíferos mais ameaçadas na Europa. Está classificado como Criticamente Em Perigo de extinção na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Actualmente apenas existem três populações em todo o mundo: uma população na Rússia, uma na Roménia e uma pequena população no Sudoeste de França e Norte de Espanha, segundo o Ministério espanhol para a Transição Ecológica.

Todas as populações estão em declínio. Em Espanha, a população está estimada em menos de 500 animais, principalmente em La Rioja, Navarra e País Basco.

A principal causa desta situação é a competição com o visão-americano (Neovison vison), uma espécie exótica invasora, mas não só. O visão-europeu está ainda ameaçado pela poluição dos rios e pela perda do seu habitat natural.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.