Fêmea e crias no CNRLI. Foto: Joana Bourgard/Wilder (arquivo)

Nasceram três crias de lince-ibérico no centro de reprodução de Silves

O primeiro parto do ano na rede dos cinco centros ibéricos de reprodução de lince-ibérico em cativeiro aconteceu nesta terça-feira, dia 28 de Fevereiro, no Centro Nacional de Reprodução em Silves. Biznaga e Drago têm agora três crias saudáveis.

 

Segundo uma nota divulgada hoje pelo Programa de Conservação do lince-ibérico (Lynx pardinus) Ex Situ, “Biznaga, fêmea de 12 anos emparelhada com Drago de novo este ano, pariu três crias com vitalidade normal no Centro Nacional de Reprodução de Lince Ibérico (CNRLI), em Silves”.

 

 

Com estes três novos linces, são já 17 as crias filhas de Biznaga nascidas no CNRLI. “Duas já adultas continuam em cativeiro após terem sido criadas pela equipa do CNRLI, nove foram soltas pelo Programa LIFE+ Iberlince e três morreram no período neonatal”, acrescenta a mesma nota.

Drago contribuiu para o nascimento de 23 crias, tendo sete delas morrido no período neonatal, 10 reintroduzidas ao abrigo do Programa LIFE+ Iberlince e três já adultas permanecem em cativeiro.

“Esperamos que estas três se juntem aos animais a reintroduzir em 2018, ajudando a recuperar as populações de lince-ibérico na Península Ibérica”, acrescentam os responsáveis pelo programa ex-situ.

Este ano foram formados 23 casais nos cinco centros de reprodução em cativeiro, seis dos quais em Silves, tendo em conta “as instalações disponíveis em cada um dos centros de reprodução e as necessidades dos animais para serem libertados nos diferentes programas de reintrodução a decorrer na Andaluzia, Castela-La Mancha, Extremadura e Portugal”, segundo o site do Programa Ex-Situ.

Além de Biznaga e Drago foram emparelhados em Silves Kaida e Enebro (mas Kaida, fêmea primeiriça, não ficou gestante), Era e Fado, Jabaluna e Jerte, Fresa e Hermes, Flora e Madagascar. Este macho é um lince especial. Veio da natureza, da população de Doñana, no ano passado “e adaptou-se perfeitamente ao cativeiro, mostrando um bom comportamento e copulando com a fêmea Flora no primeiro ano que foi utilizado como exemplar reprodutor”.

Outro marco importante conseguido no CNRLI, em parceria com o Leibniz Institute for Zoo and Wildlife Research, foi a primeira tentativa de inseminação artificial, no início de Fevereiro, numa fêmea de lince-ibérico, adianta o Programa Ex-Situ. O casal escolhido é formado pela fêmea Juromenha e pelo macho K5.

No ano passado nasceram 58 crias em cativeiro, 48 das quais sobreviveram. Destas, 40 estão a ser preparadas para serem libertadas na natureza nos primeiros meses de 2017. O programa espera conseguir este ano entre 29 e 41 crias nos cinco centros de reprodução em cativeiro: Silves, Zarza de Granadilla, El Acebuche, La Olivilla e Zoo de Jerez.

É de esperar que o próximo parto no programa seja o de Haima no Centro de Zarza de Granadilla. À semelhança dos outros anos, a ideia é que a maioria dos animais que nasçam em 2017 sejam preparados para a sua libertação na natureza; os que não puderem ser libertados ficarão nos centros e passarão a “formar parte do stock reprodutivo do programa, para manter uma adequada diversidade genética e um adequado equilíbrio demográfico”.

Actualmente existem 475 linces-ibéricos na natureza, segundo os resultados do censo de 2016. A maioria, 389, está nas populações da Andaluzia (Doñana-Aljarafe e Serra Morena: Guadalmellato, Guarrizas e Andújar-Cardeña). Além destes 389 animais, 19 vivem em Portugal, no Vale do Guadiana; 28 em Matachel (Badajoz), 23 em Montes Toledo (Toledo) e 16 na Serra Morena Oriental.

Neste momento estão a decorrer reintroduções de linces, a maioria nascidos em cativeiro, para reforçar esses núcleos populacionais. A época de libertações de 2017 começou em Portugal, no Vale do Guadiana, com a libertação do macho Noudar e da fêmea Niassa, a 17 de Fevereiro. Ao todo este ano deverão ser libertados 40 linces naquelas zonas de Portugal e Espanha.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Siga a nossa série “Como nasce um lince-ibérico” e conheça os veterinários, video-vigilantes, tratadores e restante equipa do Centro Nacional de Reprodução (CNRLI) em Silves.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.