Nasceram três pinguins-de-magalhães no Oceanário de Lisboa

Os três pinguins-de-magalhães, que pesavam 90 gramas quando nasceram em Maio, têm agora três quilos, revelou hoje o Oceanário de Lisboa. A sua espécie tem estatuto de Quase Ameaçada pela Lista Vermelha da UICN.

As três crias de pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), que nasceram em Maio com poucos dias de diferença, são os novos habitantes do Habitat Antártico do Oceanário de Lisboa. Receberam os nomes de Kinder, Whiplash e Juju.

Foto: Oceanário de Lisboa

Estiveram “oito semanas sob cuidados parentais e três semanas longe dos olhares dos visitantes, em preparação para integrar a colónia e habituação à presença humana”, explicou a instituição num comunicado enviado à Wilder.

Este mês chegaram ao Habitat do Antárctico, fazendo parte de uma colónia de 31 pinguis-de-magalhães, e podem ser vistas pelos visitantes.

“É possível distinguir os três novos pinguins pelas suas penugens juvenis, ainda acinzentadas e bege, que contrastam com o resto da colónia, toda a preto e branco.”

“Poder acolher mais três crias na nossa colónia de pinguins é muito gratificante”, disse Hugo Batista, assistente de curador do Oceanário de Lisboa. “Este sucesso na reprodução e integração é um bom indicador da dedicação, conhecimento e rigor das equipas, bem como das excelentes condições que o habitat do Antártico proporciona a esta espécie.”

Foto: Oceanário de Lisboa

Esta espécie icónica, que foi avistada pela primeira vez pelo explorador português Fernão de Magalhães há precisamente 500 anos, tem uma esperança média de vida de 25 anos, atinge em média 70 centímetros de altura e o seu peso varia entre os quatro e os seis quilos.

Distingue-se das espécies semelhantes – pinguim-africano e Humbolt – pelo “colar” negro que têm no peito.

O pinguim-de-Magalhães tem estatuto de conservação Quase Ameaçado pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Segundo Hugo Batista, “estes animais são embaixadoras da sua espécie perante os visitantes e simultaneamente permitem partilhar aprendizagens científicas entre instituições que todos os dias trabalham pela conservação das espécies e dos habitats”.

Os pinguins são aves marinhas que habitam, maioritariamente, nas regiões a sul do Equador, podendo habitar em zonas ligeiramente mais a norte.

São animais que formam colónias de centenas e, até, de milhares de indivíduos.

Têm uma camada de gordura isolante que os protege contra o frio extremo do Inverno e funciona como reserva de energia principal para a época reprodutiva, altura em que os adultos jejuam e chegam a perder 40% do seu peso.

O pinguim-de-magalhães vive no mar, na zona costeira, onde acompanha a migração do seu alimento de eleição: a anchova. Na época de reprodução, de Setembro a Abril, dirige-se a terra para nidificar. Quando forma um casal, mantido para a vida, põe dois ovos que, ao contrário de outros pinguins, são ambos incubados pelos progenitores. Faz ninhos em buracos forrados com penas e paus, que protegem os pintos do vento e chuva fria.

Actualmente existem 18 espécies de pinguins no planeta. Mas, segundo a Birdlife International, mais de metade estão ameaçadas de extinção, como o pinguim-africano (presente na extremidade sul da África do Sul) e o pinguim-de-olho-amarelo (Nova Zelândia).

Entre as 18 espécies de pinguins em todo o mundo, 10 estão hoje Vulneráveis ou Em Perigo de extinção, de acordo com a UICN, o que os coloca como o segundo grupo de aves marinhas mais ameaçado do mundo, a seguir aos albatrozes.

Nos locais de nidificação, em terra, são perseguidos por espécies introduzidas pelos humanos, enfrentam doenças e a degradação dos seus habitats. No mar, os maiores problemas são a poluição petrolífera e as pescas. Por causa destas últimas, têm menos alimento disponível e são capturados acidentalmente nas redes e noutros equipamentos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.