Nasceu no Zoológico de Lisboa cria de órix, espécie extinta na natureza

A cria de Órix-de-cimitarra (Oryx dammah) é uma fêmea, nasceu a 19 de Julho e tem hoje cerca de 20 quilos. Esta espécie está extinta na natureza há mais de 20 anos.

 

Esta cria junta-se assim aos dois machos e três fêmeas que vivem no Jardim Zoológico de Lisboa.

“O nascimento de mais um exemplar desta espécie representa um momento muito especial para o Zoo, uma vez que estes animais travam uma grande batalha contra a sua extinção”, comentou, em comunicado, José Dias Ferreira, curador de Mamíferos do Jardim Zoológico.

 

 

“A caça, a seca e a desertificação das zonas áridas e desertas do Norte de África, contribuem em larga medida para este facto. É um orgulho podermos cooperar na sua reprodução e conservação.”

Os órix-de-cimitarra podem chegar aos 200 quilos na fase adulta. Alimentam-se, maioritariamente, de plantas e podem passar longos períodos sem beber água. O seu nome deve-se aos cornos que fazem lembrar uma cimitarra, a espada tradicional de alguns povos do Médio Oriente, como árabes, turcos e persas, utilizada pelos antigos guerreiros muçulmanos.

Cada fêmea desta espécie tem apenas uma cria por ano, que é amamentada até aos quatro meses, altura em que se torna praticamente independente da progenitora.

Actualmente, a espécie está classificada como Extinta na natureza, segundo a UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Isto porque não têm sido encontradas provas da sobrevivência desta espécie desde o início dos anos 1990, apesar dos censos exaustivos dedicados à sua detecção, segundo a UICN.

Os animais que restam vivem em jardins zoológicos ou áreas protegidas vedadas, nomeadamente na Tunísia, Senegal e Marrocos, no âmbito de programas de reintrodução a longo prazo.

Para tentar recuperar esta espécie vários animais têm sido libertados em zonas vedadas em quatro áreas protegidas na Tunísia e numa no Senegal, como parte de programas de reintrodução. Ainda assim nenhum se pode ainda considerar uma completa “reintrodução na natureza selvagem”. Também está em curso um projecto ambicioso para recuperar a espécie na Reserva de Fauna Ouadi-Rimé-Ouadi Achim, no Chade, da responsabilidade do Sahara Conservation Fund, da Environment Agency-Abu Dhabi e do Governo do Chade.

Este órix está também incluído no apêndice I da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção). Neste apêndice constam as espécies em que o tráfico ilegal representa uma das principais ameaças, podendo levar a estatutos de conservação mais graves.

 

 

O Jardim Zoológico de Lisboa alojar seis Órix-de-cimitarra, participa no Programa Europeu de Reprodução da espécie (EEP) e apoia financeiramente projectos de reintrodução em parques naturais do Norte de África, através do seu Fundo de Conservação.

“Diariamente, o Jardim Zoológico trabalha no sentido de proporcionar as condições ideais para garantir o bem-estar dos seus animais e a reprodução das espécies. O objetivo a longo prazo é permitir a reintrodução nos seus habitats naturais”, explica o comunicado.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.