Ninho da ave mais emblemática dos Açores volta a ter transmissão em directo

Num cantinho na ilha açoriana do Corvo há um ninho de aves marinhas com um ovo prestes a eclodir. Graças a uma webcam instalada pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea) vamos poder assistir ao nascimento de um cagarro, a ave mais emblemática dos Açores, e às suas primeiras semanas de vida.

 

Este é o quarto ano consecutivo que a webcam transmite imagens em directo do ninho de cagarros (Calonectris borealis) nesta altura no ano. Estamos em plena época de nidificação e os Açores são o local escolhido por 60% da população mundial desta espécie de ave marinha.

“Desde 27 de Maio que o ovo está a ser incubado e dentro de 10 dias aproximadamente, se não ocorrerem imprevistos, nascerá a cria”, explica a Spea em comunicado enviado hoje à Wilder.

Nos próximos dias será possível observar os progenitores a revezarem-se na incubação do ovo. Quando a cria nascer, o ponto alto será a alimentação do pequeno cagarro. Isto acontecerá à noite já que de dia estas aves estão em alto mar a alimentar-se. Em Outubro, a cria deixará o ninho e tornar-se-á autónoma.

Desde o início deste projecto, a webcam já transmitiu os nascimentos de três crias de cagarro: a Hypnos, a Luz e a Lua.

Segundo Joaquim Teodósio, coordenador da Spea nos Açores, esta transmissão em directo é importante para mostrar o comportamento da “família” de cagarros e sensibilizar as pessoas. “Nos Açores é muito comum encontrar cagarros caídos nas estradas ou quintais, desorientados com tanta luz que existe nas ilhas. Muitos deles dependem das pessoas para serem salvos e rumar ao oceano, por isso, conhecer a espécie poderá fazer a diferença para a vida de muitos cagarros”, explicou.

O cagarro é uma ave marinha que mede 50 centímetros de comprimento, em média, e tem uma envergadura de asa de um metro e 25 centímetros. Nidifica nas ilhas Berlengas, Açores, Madeira e nas Canárias, em ninhos feitos em cavidades naturais e fendas rochosas nas falésias. Nos Açores estima-se que nidifiquem 60% da população mundial da espécie.

A webcam faz parte de um projecto para recuperar o habitat das aves marinhas nos Açores, coordenado pela Spea, em parceria com a MEO, a Câmara Municipal do Corvo e o Governo Regional dos Açores.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Veja aqui as imagens em directo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.