Ninhos nos seixos serão o segredo para o sucesso destes borrelhos

O sítio que os borrelhos-de-coleira-interrompida escolhem para fazer os ninhos é crucial para a espécie. As aves que preferem os seixos às praias de areia têm mais sucesso reprodutivo, segundo investigadores norte-americanos.

 

Dana Herman e Mark Colwell, da Universidade Estatal de Humboldt, passaram 13 anos a estudar os sucessos e fracassos de cerca de 200 borrelhos-de-coleira-interrompida (Charadrius nivosus) a nidificar na região de Humboldt, Califórnia. Os investigadores quiseram identificar quais os factores que influenciam o sucesso reprodutivo destas aves.

Os seus resultados, publicados nesta semana na revista The Condor: Ornithological Applications, mostram que, mais do que a presença de predadores ou as actividades humanas, aquilo que mais diferença fez foi o sítio escolhido para o ninho: praia de areia ou seixos. Os seixos dão uma melhor camuflagem para ovos e crias, descobriram os investigadores. As crias das aves que nidificaram em cima de seixos estavam mais escondidas de predadores como os corvos e as gralhas, por exemplo.

As aves que nidificam nos seixos colocaram menos ovos do que as que escolheram os areais. Mas o efeito da camuflagem foi tão grande que conseguiram que as suas crias vivessem mais tempo, até se tornarem independentes.

Com base no seu estudo, Herman e Colwell aconselham aos projectos de conservação da espécie a acrescentar restos de conchas ou pedaços de madeira que dão à costa aos locais de areal onde estas aves nidificam, para aumentar o potencial de camuflagem.

O borrelho-de-coleira-interrompida pode ser observado no nosso país durante todo o ano.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.