Expedição Waitt. Foto: Andy Mann

Nos Açores, áreas marinhas protegidas vão aumentar mais 15%

Os Açores vão declarar áreas marinhas protegidas em 15% da zona económica exclusiva açoriana nos próximos três anos, que irão juntar-se aos 5% de área hoje classificados.

 

Em causa está um aumento de mais 150.000 quilómetros quadrados de reservas marinhas com protecção total até 2021, indica um comunicado conjunto divulgado pelo Governo dos Açores, Fundação Oceano Azul e a Fundação Waitt.

As três entidades assinaram esta quinta-feira um protocolo para a aplicação desta e de outras medidas no âmbito do programa ‘Blue Azores’, que prevê também a produção e aplicação dos planos de gestão para as novas reservas marinhas e todas as áreas marinhas protegidas existentes.

Os primeiros passos para o arranque do programa deram-se desde 2016, com a realização de “duas expedições científicas no mar dos Açores.” A primeira foi realizada pela Fundação Waitt e teve como objecto o estado dos ecossistemas do grupo oriental. Já a expedição Oceano Azul dirigiu-se aos ecossistemas costeiros, de mar aberto e de profundidade nas áreas central e ocidental.

 

embarcação no mar, com aparelho de prospecção a funcionar
Expedição Oceano Azul. Foto: Nuno Sá

 

Vai ser com base no relatório científico daqui resultante e noutros estudos agora em curso que vão ser definidas as novas áreas marinhas.

 

Foto: Expedição Oceano Azul/National Geographic Pristine Seas/Manu San Félix

 

“Embora a biodiversidade marinha dos Açores ainda não esteja totalmente avaliada, sabemos que na região ocorrem cerca de 25 espécies de mamíferos marinhos, oito espécies de aves marinhas nidificantes, quatro espécies de tartarugas marinhas, 560 espécies de peixes, mais de 400 espécies de algas e alguns milhares de invertebrados diferentes, como moluscos, crustáceos, equinodermes, cnidários e outros grupos menos diversos, que ocupam habitats a diferentes profundidades, até aos
5.000 metros”, indicam os responsáveis do programa.

 

lesma do mar
Expedição Oceano Azul. Foto: Waitt Foundation/Joe Lepore

 

Actualmente, a maioria dos cerca de 5% de território marítimo protegido no arquipélago não estão ainda regulamentados quanto a actividades de pesca e outras acções com impactos na vida marinha. Mas quanto às novas áreas a designar, o objectivo é que tenham protecção total.

Isto ao contrário da maioria das 71 áreas protegidas marinhas nacionais ou regionais que há hoje em Portugal, que são moderadamente protegidas – o que representa a classe de protecção mais baixa, permitindo a utilização de várias artes de pesca e outras actividades.

O protocolo agora assinado prevê também outras medidas, como a adopção legal de um plano de ordenamento do espaço marinho, a identificação de novas áreas de interesse para a conservação através da realização de workshops e expedições científicos, a promoção de co-gestão com os pescadores locais, o desenvolvimento de actividades de literária para os oceanos junto das escolas e dos pescadores e ainda a realização de campanhas junto do público em geral.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Recorde o que a Expedição Oceano Azul descobriu no fundo do mar dos Açores, aqui.

Saiba quais são as áreas marinhas protegidas que existem actualmente no arquipélago açoriano.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.