Floresta. Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay
Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay

Novo projecto quer aproximar áreas protegidas dos turistas e de quem vive nas cidades

O novo projecto “Dar a Conhecer a Rede Nacional de Áreas Protegidas”, apresentado esta segunda-feira pelo presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, vai realizar-se até ao final de 2019. Saiba o que está previsto.

 

Objectivo? Comunicar a rede de áreas protegidas através de “uma uniformidade comunicacional” quanto à forma como é apresentada, com uma “linguagem única e comum”, descreveu ontem Rogério Rodrigues durante a sessão “Portugal, Património Natural”, em Sintra.

Em causa estão 46 áreas protegidas em Portugal Continental, que representam cerca de 7,6% do território português, incluindo o Parque Nacional da Peneda-Gerês e 13 parques naturais. E ainda reservas naturais, paisagens protegidas, monumentos naturais e outros.

“As áreas protegidas obrigam a uma visão em conjunto. Cada uma tem a sua singularidade, mas tudo só faz sentido se as olharmos em rede”, sublinhou o presidente do ICNF, lembrando que a marca ‘Natural.pt’ foi criada nesse sentido, há quatro anos.

O novo plano de comunicação, que já foi aprovado pelo Governo e pelo Fundo Ambiental, divide-se em seis pontos principais, a começar pela sinalização das portas de entrada e saída das áreas protegidas. “Vamos desenvolver um pórtico que terá alguns elementos comuns para criar um efeito de rede”, para ser colocado nas principais entradas e saídas das áreas protegidas, indicou.

A sinalização de cerca de 70 percursos pedestres é outro dos seis pontos que vão concretizar-se este ano, com um investimento previsto de 50.000 euros e o uso de novas tecnologias, incluindo a utilização de ‘QR codes’ e de dados para serem acedidos através dos telemóveis. “Com estes sistemas informativos, nós também recebemos informação sobre quantas pessoas nos visitam nas áreas protegidas, o que é muito importante”, notou o presidente do ICNF.

A sinalização dos principais pontos de interesse das áreas protegidas e o aparecimento da rede em eventos turísticos de grande visibilidade – incluindo uma feira internacional em 2020 – são outros dois elementos principais do novo projecto.

Prevista está também a distribuição de jornais sobre as principais áreas protegidas, “no sentido de dar informação complementar ao site ‘Natural.pt’ e a outras informações digitais”. Estes vão dividir-se por três zonas – Norte, Centro e Sul – e ficar disponíveis em todas as áreas principais de entrada em Portugal, ou seja, aeroportos, portos e principais vias rodoviárias.

Outro dos pontos do novo plano é a publicitação nos meios urbanos através de ‘muppies’, cartazes e outros meios de comunicação, “fundamental para chamar a população a conhecer as áreas protegidas”.

No total, vai estar em causa este ano um investimento de 750.000 euros comparticipados pelo Fundo Ambiental, indicou por seu turno o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, no final da sessão.

 

Co-gestão de áreas protegidas em diploma

João Pedro Matos Fernandes anunciou ainda que no final de Fevereiro será agendado para ser apreciado em Conselho de Ministros o novo decreto-lei que promove a co-gestão das áreas protegidas – um modelo que já está a ser experimentado com o projecto-piloto do Parque Natural do Tejo Internacional, que o ministro fez questão de elogiar. “O verbo conservar não se pode conjugar sozinho”, gracejou.

A sessão serviu também para um balanço dos projectos de restauro e prevenção estrutural de incêndios que o ICNF tem desenvolvido em várias áreas protegidas no Norte e Centro do país: Parque Nacional da Peneda-Gerês, Parque Natural de Montesinho, Parque Natural do Douro Internacional, Reserva Natural da Serra da Malcata, Parque Natural do Tejo Internacional e Monumento Natural das Portas de Ródão.

Matos Fernandes destacou o resultado destes projectos na prevenção de incêndios, incluindo na Peneda-Gerês. “Em 2016, houve ali alguns fogos dramáticos. Em 2017, tínhamos 50 homens que em dez equipas de cinco estiveram no território a fazer prevenção estrutural, rescaldo dos incêndios e outras tarefas e isso mudou tudo”, sublinhou, notando que quase não houve fogos no Gerês nesse ano.

Quanto às outras cinco áreas protegidas que foram alvo da prevenção estrutural de incêndios, “deu-se uma redução da área ardida de 98%”, afirmou.

 

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.