várias pessoas olham o horizonte com binóculos e telescópios
Observação de aves durante o Festival de Sagres. Foto: SPEA

O Festival de Sagres está quase a chegar. Saiba o que muda este ano

A 11ª edição do Festival de Observação de Aves de Sagres está agendada para o início do próximo mês, entre 2 a 5 de Outubro. A Wilder falou com André Pinheiro, ligado à organização.

Faltam poucas semanas para o Festival de Sagres, que todos os anos atrai amantes das aves e da natureza para esta localidade algarvia. Este ano, a pandemia obrigou à adopção de algumas regras diferentes, mas muitas actividades vão realizar-se como já era costume.

“A maior parte das iniciativas mantêm o mesmo número de participantes, que já é normalmente pequeno, só que desta vez estamos ser muito rigorosos para não ultrapassarmos em nenhum caso o número de vagas previstas por actividade”, explicou à Wilder André Pinheiro, da associação Almargem.

A associação algarvia Almargem é um dos organizadores do evento, em conjunto com a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e a Câmara Municipal de Vila do Bispo.

Previstas para este ano estão mais de 80 saídas de campo e mais de 70 acções de observação de aves, cerca de 30 workshops e palestras e de 50 saídas de barco. Muitas já estão esgotadas, em especial as actividades gratuitas.

um alcatraz juvenil, de penugem ainda escura, em voo
Alcatraz juvenil, uma das aves que se podem observar durante o Festival. Foto: Carla Salvador / CMVB

Para muitas iniciativas, como as saídas de campo e as actividades de anilhagem, mantém-se o baixo número de participantes que já era habitual, mas nas palestras foi preciso reduzir o número possível de inscritos, adiantou o mesmo responsável. “Costumámos prever cerca de 40 participantes, mas este ano só admitimos um máximo de 20 pessoas, contando com os palestrantes.”

O ponto alto do festival vai ser a devolução à natureza de uma ave recuperada no RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa, que se situa em Olhão, na Quinta de Marim. Neste caso a organização conseguiu autorização das autoridades para um máximo de 100 participantes, que serão admitidos por ordem de chegada.

“As pessoas vão ter de usar máscara e vão estar todas ao ar livre”, descreveu André Pinheiro, sublinhando que o programa do festival recebeu luz verde tanto do delegado local de saúde e do comandante municipal de protecção civil.

Em palestras e workshops em espaços interiores vai ser também obrigatório o uso de máscaras, mas em passeios ao ar livre, estando assegurado o distanciamento social, tal não será necessário, acrescentou.

Nesta 11ª edição, a pandemia de Covid-19 levou também a organização do festival a retirar da agenda de iniciativas que implicavam mais contacto físico, como as aulas de yoga, as massagens e a biodanza.

Mas apesar de muitas actividades estarem já sem vagas – “este ano houve uma adesão incrível mal abrimos as inscrições”, comentou André Pinheiro – ainda sobram muitas acções em que é possível participar. Aqui ficam cinco sugestões:

1. Observação de aves marinhas

Dois especialistas em aves ajudam os participantes a identificar as aves que se avistam a partir de terra, no Cabo de São Vicente. Poderão observar-se por exemplo diferentes espécies de gaivotas, gansos parolas, pardelas, entre outras. Ao contrário de outros anos, cada um terá de trazer os seus binóculos.

Sexta-feira, 2 de Outubro, às 7h30, no Cabo de São Vicente

2. Biodiversidade a voar!

Este workshop dirigido a crianças pretende ensinar-lhes o que é a biodiversidade e falar sobre diferentes espécies de aves na Península Ibérica, com a ajuda de bonecos, penas, ossos, algumas imagens e sons. E no final, podem levar uma lembrança para casa.

Sexta-feira, 2 de Outubro, às 17h, no Forte do Beliche

3. Percurso de Observação de Aves – Boca do Rio

Ao longo do festival, ornitólogos da SPEA ajudam os participantes a observar aves em diferentes habitats da região de Sagres, incluindo espécies migradoras, desde passeriformes a limícolas. Neste dia, o local escolhido é a Boca do Rio, onde ocorrem espécies aquáticas e limícolas.

Sábado, 3 de Outubro, às 16h30, na praia de Boca do Rio

4. Apresentação do Guia de Aves de Vila do Bispo

Apresentação do primeiro “Guia de Aves do Concelho de Vila do Bispo e do Promontório de Sagres”, de Diniz Cortes, uma edição do Município de Vila do Bispo, da editora Wildscape.

Domingo, 4 de Outubro, às 17h, na Junta de Freguesia de Sagres

5. Observação de aves – primeiros passos!

Este mini-curso (teórico-prático) pretende iniciar os participantes na observação de aves, abordando vários tópicos: material ótico e guias de campo, principais sítios para observação de aves no Algarve, aspetos a ter em conta na identificação de aves, principais características de algumas espécies que ocorrem em Sagres nesta altura do ano. Segue-se uma saída de campo guiada.

5 de Outubro, 9h30, na Pousada do Infante de Sagres


Saiba mais.

Aprenda também porque é que Sagres atrai tantas aves juvenis no Outono.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.