Obama bloqueia exploração de petróleo e gás natural no Atlântico e Árctico

O Presidente norte-americano Barack Obama anunciou nesta terça-feira uma proibição permanente à exploração de petróleo e gás natural em águas do Atlântico e do Ártico, ao longo da costa, desde o estado da Virgínia até ao Maine e em várias regiões do Alasca.

 

O anúncio de ontem vai proibir a exploração em 98% das águas do Árctico nas mãos dos Estados Unidos – o correspondente a cerca de 466 mil quilómetros quadrados -, onde vivem espécies ameaçadas como o urso polar e a baleia-da-gronelândia. Além disso vai bloquear a exploração offshore no Atlântico, junto a uma zona de corais que alberga espécies raras de peixes, desde a Virgínia até à fronteira com o Canadá.

Simultaneamente, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, anunciou uma proibição de novas perfurações nas águas canadianas do Árctico. Ainda assim, o Canadá vai rever esta decisão a cada cinco anos; a Casa Branca insiste que a declaração de Obama será permanente.

“Estas acções, e as acções paralelas do Canadá, protegem um ecossistema sensível e único em qualquer outra região da Terra”, comentou Obama numa declaração, citado pelo jornal New York Times. “Elas reflectem a avaliação científica de que, mesmo que ambos os países accionem os mais elevados padrões de segurança, os riscos de um derrame de petróleo nesta região são significativos e a nossa capacidade de limpeza nesta região é limitada”, acrescentou.

Esta iniciativa é um dos esforços de Obama para proteger o máximo de políticas ambientais que conseguir antes da chegada do seu sucessor, em Janeiro, escreve o New York Times. Donald Trump já tem mostrado vontade de deitar por terra muitas delas, alegando que estão a impedir a criação de postos de trabalho. Além disso, o Presidente-eleito prometeu fazer da exploração de combustíveis fósseis nos solos e águas da nação norte-americana um elemento central do seu plano económico.

Resta agora saber se os bloqueios decididos por Barack Obama – para “garantir uma economia e um ecossistema no Árctico fortes, sustentáveis e viáveis”, de acordo com um comunicado – serão contestados e anulados. “Não vemos como isto poderá ser permanente”, disse ao New York Times Andrew Radford, conselheiro político junto do Instituto Americano do Petróleo, que defende as companhias petrolíferas. “Esperamos que a administração Trump olhe para isto para reverter esta decisão e estamos ansiosos por trabalhar com eles para que isso aconteça”, acrescentou Radford.

Mas os especialistas em legislação de Obama estão confiantes em como o bloqueio vai sair imune das tentativas legais para o derrubar. A administração Obama socorreu-se de uma lei de 1953, segundo a qual um Presidente tem a autoridade de agir unilateralmente em relação à plataforma continental do seu país.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.