Oceanos: Medusa de Bordalo II fica em Bruxelas durante Presidência Portuguesa

“Lighted Jelly Fish” de Bordalo II estará em exposição no edifício Europa, em Bruxelas, a acompanhar os seis meses da Presidência Portuguesa.

O país que detém a Presidência costuma levar consigo arte nacional que fica em exposição, durante seis meses, nos edifícios do Conselho Europeu, em Bruxelas. Entre as obras escolhidas por Portugal está a medusa de Bordalo II.

Foto: Conselho Europeu

A obra, instalada no edifício Europa, “pretende reflectir as preocupações do artista com a poluição dos oceanos”, segundo um comunicado da Presidência Portuguesa. “Aborda o tema da produção de lixo, do desperdício, da poluição e dos seus efeitos nefastos no planeta. A natureza é representada com recurso ao que a destrói: materiais em fim de vida, encontrados em terrenos baldios, em fábricas abandonadas ou obtidos directamente de empresas que precisam de se desfazer deles.”

Artur Bordalo, 33 anos, é hoje reconhecido por Bordalo II, nome artístico que escolheu como homenagem ao avô, o pintor Real Bordalo. Passou a juventude entre a paixão do avô pelas aguarelas e as aventuras em torno do graffiti ilegal no submundo de Lisboa. Foi na Faculdade de Belas Artes de Lisboa que descobriu a escultura e a experimentação de vários materiais.

Foto: Conselho Europeu

Escolheu o espaço público para desenvolver o seu trabalho artístico, focado em questionar a sociedade materialista e gananciosa. Na verdade, a produção excessiva de coisas ou o consumo exagerado, que resulta na contínua produção de lixo e consequentemente, na destruição do nosso planeta são os temas centrais da sua produção artística.

“Os animais escultóricos gigantes de Bordalo II obrigam-nos a encarar os nossos hábitos de consumo sob um olhar inteiramente novo. E é precisamente esse olhar que nos deve guiar rumo a uma das prioridades da Presidência do Conselho UE: uma Europa verde, verdadeiramente ecológica”, segundo o comunicado.

Foto: Conselho Europeu

“Tempo de agir: por uma recuperação justa, verde e digital” é o lema da Presidência Portuguesa, que decorre de 1 de Janeiro a 30 de Junho de 2021.

A conservação dos oceanos é um dos temas que estará em cima da mesa durante estes seis meses. Em Junho, a Presidência Portuguesa vai organizar uma Conferência de Alto Nível sobre Oceanos Sustentáveis nos Açores, para fomentar a preservação e o uso sustentável dos recursos marinhos.

“A conservação da biodiversidade marinha será um tema especialmente importante para a Presidência, tendo em conta a ligação de Portugal com o mar e com os oceanos, e o objectivo de promover a conservação e recuperação de ecossistemas marinhos”, de acordo com o Programa da Presidência Portuguesa.


Já que está aqui…

Apoie o projecto de jornalismo de natureza da Wilder com o calendário para 2021 dedicado às aves selvagens dos nossos jardins.

Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.

Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

O calendário pode ser encomendado aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.