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Foto: Pixabay

ONU e Noruega apresentam navio que vai estudar e proteger oceanos

Investigar os oceanos menos explorados do planeta é a grande missão do “Dr. Fridtjof Nansen”, um navio oceanográfico apresentado na passada sexta-feira pela FAO – organização da ONU para a Alimentação e Agricultura – e Governo norueguês, equipado com a mais avançada tecnologia.

 

Nansen – com 70 metros de comprimento e capaz de albergar 45 cientistas, técnicos e tripulação – é o único navio de investigação do mundo com pavilhão (figura que indica a nacionalidade dos navios) das Nações Unidas. Vai recolher dados científicos cruciais sobre ecossistemas marinhos para ajudar os países em desenvolvimento a gerir os seus recursos pesqueiros e estudar de que forma as alterações climáticas estão a afectar os oceanos. Além disso, vai mapear a biodiversidade marinha, medir dióxido de carbono e a resultante acidificação dos oceanos e estudar vários tipos de poluição marinha.

“Este novo navio permite-nos melhorar a investigação onde as observações marinhas são extremamente limitadas e compreender melhor os impactos das alterações climáticas nos oceanos”, disse José Graziano da Silva, director-geral da FAO, na cerimónia de apresentação do navio, no porto de Oslo. “Isto é crucial para ajudar os países em desenvolvimento a aumentar a resiliência dos seus ecossistemas e das suas comunidades costeiras, especialmente no que diz respeito à pesca de pequena escala.”

Para isso, este navio alberga sete laboratórios diferentes, com tecnologia de ponta, segundo um comunicado da FAO. A bordo seguem equipamento acústico para avaliar a biomassa e fazer o mapeamento do fundo do oceano, um centro de controlo de ROV (sigla inglesa para veículo subaquático controlado remotamente), um sistema de redes para recolher amostras de plâncton e partículas microscópicas de plásticos e ainda um laboratório para estudos climáticos.

Nansen é apenas a mais recente peça da cooperação entre o Governo norueguês e a FAO que, desde a década de 70, lança programas de investigação a bordo de navios oceanográficos. Estes têm ajudado 32 países africanos costeiros a avaliar o estado dos seus stocks pesqueiros e a conhecer os oceanos, desde o fundo marinho à temperatura e salinidade das águas. “Estes dados são essenciais para desenvolver políticas de pesca que promovam recursos marinhos melhores e mais sustentáveis, que estão na base da alimentação e do sustento de milhões de pessoas, entre as mais pobres do mundo”, segundo o comunicado da FAO.

A protecção e uso sustentável dos oceanos é o 14º dos 17 objectivos para o crescimento sustentável da ONU.

“A Noruega, com a sua longa linha de costa e cultura marinha, compreende a importância do SDG14 (objectivo 14)”, comentou Erna Solberg, a primeira-ministra norueguesa, na cerimónia de apresentação do navio. “Sabemos que isso não pode ser feito por nenhum país sozinho. É preciso que todos façamos a nossa parte.”

Nansen foi concebido pela empresa norueguesa Skipsteknisk e construído no estaleiro Astilleros Gondán, nas Astúrias, com um custo de 80 milhões de dólares (cerca de 74 milhões de euros). É propriedade da Agência norueguesa para a Cooperação para o Desenvolvimento (Norad)  e operado pelo Instituto norueguês de Investigação Marinha (IMR). O navio tem o nome do norueguês Fritjof Nansen (1861-1930), explorador de oceanos, cientista e zoólogo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.