Oceanos. Foto: Mobibit/Pixabay

Parlamento Europeu aprova moratória aos plásticos de uso único

O Parlamento Europeu votou a favor de uma moratória total numa série de plásticos de uso único a implementar em toda a União Europeia a partir de 2021, numa tentativa de travar a poluição dos oceanos.

 

Os plásticos de uso único – como pratos, talheres, palhinhas, varas de balões e cotonetes – representam mais de 70% do lixo marinho. Por isso, o Parlamento Europeu votou hoje que sejam banidos do mercado da União Europeia a partir de 2021.

As propostas receberam 571 votos a favor, 53 contra e 34 abstenções, segundo um comunicado do Parlamento Europeu.

Hoje em Estrasburgo estiveram em cima da mesa outros produtos, como os recipientes para fast-food e embalagens e copos feitos de poliestireno expandido (esferovite).

Quanto aos produtos para os quais ainda não há alternativa, os Estados membros terão ainda de reduzir o seu consumo em pelo menos 25% até 2025. Isto inclui pacotes para servir hambúrgueres e sandes, recipientes para fruta, vegetais, sobremesas ou gelados. Ao mesmo tempo, os países são desafiados a encorajar o uso nacional de produtos que possam ser reutilizados e a sua reciclagem.

Outros plásticos, como as garrafas de bebida, terão de ser recolhidos separadamente e reciclados em 90% até 2025.

Os eurodeputados pronunciaram-se também sobre outros produtos, como as beatas de cigarro. Estas terão de ser reduzidas em 50% até 2025 e em 80% até 2030. Isto porque uma beata pode poluir entre 500 e 1.000 litros de água. E estima-se que demora até 12 anos a desintegrar-se.

Além disso, os Estados membros devem garantir que, pelo menos, 50% das artes de pesca abandonadas ou perdidas e que contenham plástico sejam recolhidas por ano, com uma meta de reciclagem de, pelo menos, 15% até 2025. Actualmente, as artes de pesca representam 27% do lixo encontrado nas praias europeias.

 

Foto: Silke/Pixabay

 

Estas medidas serão negociadas já em Novembro no Conselho Europeu, com os ministros do Ambiente dos vários países.

“A votação de hoje abre caminho para uma directiva que se adivinha ambiciosa”, comentou Frédérique Ries, eurodeputada belga e relatora da proposta. “É essencial para protegermos o ambiente marinho e reduzirmos os custos dos danos ambientais atribuídos à poluição por plásticos na Europa, estimada em 22 mil milhões de euros em 2030.”

Segundo a Comissão Europeia, mais de 80% do lixo marinho são plásticos. Os produtos abrangidos pelo relatório aprovado hoje em Estrasburgo representam 70% de todo o lixo marinho.

“Por causa da sua lenta taxa de decomposição, o plástico acumula-se nos mares, oceanos e nas praias da União Europeia e de todo o mundo. Resíduos de plásticos foram encontrados em espécies marinhas, desde tartarugas e focas a baleias e aves, mas também mariscos e na cadeia alimentar humana”, segundo o Parlamento Europeu.

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.