Peixes de rios e ribeiras de Oeiras levados para aquários para sobreviver à seca

Bogas-portuguesas, escalos-do-sul e verdemãs em risco por causa da seca e redução do caudal de rios e ribeiras de Oeiras foram transferidos para aquários disponibilizados pelo Aquário Vasco da Gama.

No final de Agosto, a Marinha Portuguesa, através do Aquário Vasco da Gama, acolheu bogas-portuguesas adultas e juvenis, escalos-do-sul adultos e verdemãs, numa acção de apoio ao município de Oeiras.

Foto: Marinha Portuguesa

Estas espécies estavam “em risco devido à seca extrema que tem provocado a redução drástica do caudal ecológico em alguns troços dos cursos de água que atravessam o concelho de Oeiras”, explica a Marinha Portuguesa em comunicado.

Os animais foram transportados para aquários disponibilizados pelo Aquário Vasco da Gama, em articulação com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Depois de serem restabelecidas as condições naturais necessárias, estes espécimes serão devolvidos à natureza.

Foto: Marinha Portuguesa

“Esta ação teve como objetivo a conservação da ictiofauna nativa de Oeiras, visto que várias das espécies que habitam estes cursos de água se encontram Em Perigo de extinção.”

A boga-portuguesa (Iberochondrostoma lusitanicum) é uma espécie endémica de Portugal (ou seja, apenas pode ser encontrada no nosso país e em mais nenhuma outra parte do mundo) e protegida por lei. Está Criticamente Em Perigo de extinção.

Foto: Marinha Portuguesa

O escalo-do-sul (Squalius pyrenaicus) é uma espécie endémica da Península Ibérica e protegida por lei, está Em Perigo de extinção.

O verdemã (Cobitis paludica), um endemismo ibérico, tem em Portugal estatuto de conservação Pouco Preocupante, mas no resto da Europa está classificado como Vulnerável. Também é uma espécie protegida por lei.

Os rios de Portugal albergam, pelo menos, 30 espécies nativas de peixes. Destas, 11 são endémicas de Portugal e 15 são endémicas da Península Ibérica.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.