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Abelhão da espécie Bombus terrestris. Foto: Eduardo Marabuto

Pesticida banido da UE por danos ao ambiente e à saúde humana

O clortalonil é um dos fungicidas mais usados pelos agricultores em culturas de tomate, batatas, trigo e outras, para combater doenças como o míldio.

 

Agora, os Estados-membros da União Europeia (UE) votaram para aprovar que o produto seja totalmente banido, com base numa análise da Efsa – Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar, noticiou o The Guardian. Em causa estão os possíveis efeitos negativos deste químico no ADN humano.

Este pesticida, usado na agricultura desde a década de 1960, representa também “um risco elevado para os anfíbios e peixes” e tem sido associado, em conjunto com outros produtos, ao declínio dos abelhões.

A proibição de clortalonil “baseia-se na avaliação científica da Efsa que concluiu que os critérios de aprovação não parecem estar satisfeitos por um vasto leque de razões”, declarou uma porta-voz da Comissão Europeia, citada pelo diário britânico. “Têm surgido grandes preocupações relacionadas com a contaminação de lençóis freáticos por metabolitos da substância.”

A decisão agora anunciada vai ter aprovação formal entre o final de Abril e inícios de Maio, entrando em pleno vigor três semanas depois, acrescentou.

Os efeitos fortemente negativos do clortadonil e de outros fungicidas nas populações de abelhões foram confirmados num estudo realizado nos Estados Unidos e publicado em 2017. Suspeita-se que tornam estes insectos mais sensíveis ao parasita mortal Nosema.

No início desta semana, foram divulgados novos dados que indicam que estão a ocorrer perdas em massa de insectos polinizadores na Grã-Bretanha. A análise de 353 espécies de abelhas selvagens e de moscas mostrou que desapareceram de um quarto dos lugares onde eram observados em 1980.

Já em Fevereiro passado, cientistas avisaram que por todo o mundo mais de 40% das espécies de insectos estão em vias de extinção, o que ameaça provocar um “colapso catastrófico dos ecossistemas da natureza”.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Leia aqui a avaliação da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar sobre a substância activa clortalonil.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.