Foto: Joana Bourgard

Ambientalistas querem saber que medidas vão ser tomadas para travar os danos dos pesticidas

Sete associações portuguesas publicaram esta quinta-feira uma carta aberta, na qual alertam os ministros da Agricultura e do Ambiente para a urgência em trabalhar para atingir as metas de redução anunciadas para 2030.

A carta agora divulgada é dirigida aos ministros da Agricultura e do Ambiente, Maria do Céu Antunes e João Pedro Matos Fernandes, questionando os dois governantes sobre as medidas que estão a ser planeadas, desenvolvidas ou aplicadas para atingir “a necessária redução de pelo menos 50% no uso de pesticidas até 2030”, informam em comunicado.

Em causa estão sete associações reunidas na iniciativa europeia “Salvar as abelhas e os agricultores”: Apis Domus, Liga para a Protecção da Natureza (LPN), O Mundo das Abelhas, Plataforma Transgénicos Fora, Sociedade Portuguesa de Entomologia e ZERO –Associação Sistema Terrestre Sustentável.

No âmbito da estratégia “Do Prado ao Prato”, adoptada em Maio passado, a Comissão Europeia comprometeu-se a tomar medidas para reduzir para metade, até 2030, a utilização e o risco de pesticidas químicos. Bruxelas pretende também reduzir em 50% a utilização dos pesticidas mais perigosos. Todavia, apelam as associações, é necessário definir medidas concretas.

“A redução do uso de pesticidas sintéticos é necessária para uma agricultura que seja a base de ecossistemas vivos e que seja produtiva hoje e no futuro”, afirma Ana Paz, da LPN, que acrescenta que “agora é a altura de planear a mudança necessária”.

Este novo alerta surge quando se discutem as linhas orientadoras da Política Agrícola Comum (PAC) para o período 2021 a 2027, na qual “é crucial que sejam assumidas medidas eficazes para a diminuição do uso de pesticidas sintéticos”, avisam os signatários da carta aberta.

Última oportunidade

A PAC tem mecanismos financeiros suficientes para apoiar os agricultores nesta transição – defendem – no que pode ser “a última oportunidade para o fazer até 2030”. “Está em causa a implementação de sistemas de produção agrícola sustentáveis, que permitam alimentar a população europeia e simultaneamente melhorar as suas condições de vida.”

Nos últimos anos, a ciência mostrou evidências de como precisamos superar a nossa dependência de pesticidas químicos e restaurar a biodiversidade se quisermos continuar a alimentar a população da Europa

As associações lembram que a agricultura é hoje muito dependente de pesticidas sintéticos – uma relação que é “urgente” diminuir, uma vez que o uso excessivo desses produtos é a principal causa do declínio das abelhas e de outros insectos polinizadores. Até porque isso tem “repercussões negativas na sustentabilidade da própria agricultura.”

Por outro lado, o recurso excessivo a pesticidas tem efeitos negativos sobre a saúde dos cidadãos, notam, lembrando que está “demonstrada a sua relação com o aumento da incidência de doenças crónicas”.

Os responsáveis pela carta aberta lembram também que são aliados da iniciativa de cidadania europeia que tem como lema “Salvar as abelhas e os agricultores”, lançada em Julho de 2019, que propõe várias acções concretas para a redução do uso de pesticidas. O objectivo é recolher pelo menos um milhão de assinaturas, número necessário para que a Comissão Europeia decida que medidas vai tomar.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.