Abelha. Foto: Suzanne D. Williams/Pixabay

Pesticidas neonicotinóides em vias de serem reautorizados em França em 2022

Estes pesticidas, acusados de causarem a morte a abelhas e outros insectos polinizadores e que estão interditos na Europa desde 2018, poderão vir a ser usados em França no próximo ano em cerca de 400.000 hectares de beterraba-sacarina.

Este tipo de pesticidas são usados como insecticidas e são quimicamente semelhantes à nicotina. Ao contrário de outros produtos do mesmo género, são absorvidos pelas plantas. Afectam o sistema nervoso central dos insectos, levando à sua paralisia e morte. Nas abelhas são acusados de levarem a perdas de memória e à diminuição de abelhas-rainha.

Agora, França prepara-se para autorizar o uso dos principais neonicotinóides para a beterraba, noticia hoje o jornal francês Le Monde. O projecto do Governo que autoriza o uso de sementes de beterraba-sacarina tratadas com neonicotinóides entrou em consulta pública a 27 de Dezembro, período que se estende até 16 de Janeiro de 2022, depois de uma decisão favorável tomada na semana passada pelo conselho de vigilância responsável por se pronunciar sobre os pedidos para uso destes produtos.

O pedido pretende fazer frente a uma doença viral, transmitida por afídios, que danificam a beterraba. Grégory Besson-Moreau, presidente do conselho de vigilância, entende que a autorização dos neonicotinóides para 2022 é justificada com o facto de “ser impossível garantir em 99% a ausência de afídios na beterraba na próxima Primavera”.

Por seu lado, as associações de defesa do Ambiente com assento no conselho protestam contra este ano em que a interdição é derrogada e duvidam das certezas de que o próximo ano seja propício aos afídios.

O declínio das populações de insectos actualmente em curso, nomeadamente dos polinizadores, é uma das provas mais preocupantes da crise da Biodiversidade.

Cientistas e agricultores têm alertado para a diminuição das populações de abelhas, que se considera que estão a ser gravemente atingidas por doenças, pela destruição dos habitats ricos em flores e ainda pela utilização generalizada de pesticidas neonicotinóides.

Actualmente, mais de um quarto dos abelhões da Europa – e quase uma em cada dez abelhas – estão em risco de extinção, segundo a Lista Vermelha das Abelhas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).


Saiba mais.

Recorde o que pode fazer para ajudar os insectos polinizadores e porquê. E aproveite para procurar estas cinco espécies de insectos polinizadores, que pode encontrar em Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.